Por Robin Emmott e Tom Balmforth e Vladimir Soldatkin
BRUXELAS/MOSCOU (Reuters) - O Reino Unido disse nesta quinta-feira que o "momento mais perigoso" no impasse do Ocidente com Moscou parecia iminente, ao mesmo tempo em que a Rússia realizava exercícios militares em Belarus e no Mar Negro após ampliar seu efetivo militar perto da Ucrânia.
A Ucrânia também organizou jogos de guerra e uma autoridade graduada dos Estados Unidos alertou que "sacos de cadáveres voltarão a Moscou" se as tropas russas cruzarem a fronteira. Mas líderes de todos os lados sinalizaram que esperam que a diplomacia ainda possa prevalecer no que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, chamou de maior crise de segurança da Europa em décadas.
Em uma nova rodada de negociações, a ministra das Relações Exteriores britânica discutiu publicamente com seu colega russo em Moscou, Johnson visitou a sede da Otan em Bruxelas e o líder da Alemanha se encontrou com seus colegas dos países bálticos em Berlim, onde autoridades de Rússia, Ucrânia, Alemanha e França também mantinham discussões.
A Rússia, que tem mais de 100.000 soldados perto das fronteiras da Ucrânia, nega as acusações ocidentais de que pode estar planejando invadir sua ex-vizinha soviética, embora diga que poderia tomar medidas "técnico-militares" não especificadas, a menos que exigências sejam atendidas.
"Honestamente, não acho que uma decisão tenha sido tomada" por Moscou sobre atacar, disse Johnson em entrevista coletiva com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. "Mas isso não significa que seja impossível que algo absolutamente desastroso possa acontecer muito em breve."
"Este é provavelmente o momento mais perigoso, eu diria, no curso dos próximos dias, naquela que é a maior crise de segurança que a Europa enfrenta há décadas."
O caminho a seguir é a diplomacia, afirmou Johnson mais tarde a repórteres na Polônia.
Stoltenberg também disse que é um momento perigoso para a segurança europeia, acrescentando: "O número de forças russas está aumentando. O tempo de alerta para um possível ataque está diminuindo".
Enquanto o Reino Unido publicava legislação ampliando o escopo daqueles ligados à Rússia que poderiam ser sancionados se Moscou invadisse, a secretária de Estado adjunta dos EUA, Wendy Sherman, disse que o presidente russo, Vladimir Putin, enfrenta uma "escolha dura" entre dois caminhos muito diferentes.
Se escolher a guerra, "(ele) deve entender que os sacos de cadáveres voltarão a Moscou..., que os cidadãos da Rússia sofrerão porque sua economia será completamente devastada", disse ela à emissora MSNBC.
Em um novo ponto de atrito, a Ucrânia criticou os exercícios navais russos que, segundo ela, tornaram a navegação no Mar Negro e no Mar de Azov "praticamente impossível".
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, instou a comunidade internacional a retaliar, inclusive impondo restrições portuárias a navios russos.