Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela acusou o governo do presidente Nicolas Maduro de impedir que parlamentares acessem a ilha de Margarita para participar de uma sessão simultânea ao encontro do Movimento dos Países Não-Alinhados que ocorre na próxima semana.
"O governo proibiu transporte para nós, seja aéreo ou marítimo", disse Henry Ramos, via Twitter, em meio à crescente controvérsia a respeito do encontro do bloco de 120 nações, a maioria delas países em desenvolvimento, entre 13 e 18 de setembro.
Com a Venezuela envolta em uma grande crise econômica e protestos políticos, o governo Maduro espera usar o evento para reforçar sua legitimidade internacional, enquanto a oposição busca aproveitar a oportunidade para tentar colocar o presidente em situações de embaraço público e ampliar a campanha para impedi-lo de continuar à frente do país.
A Assembleia Nacional, controlada pela oposição, havia anunciado que realizaria uma sessão no dia 15 de setembro em Margarita, na costa caribenha do país, para fazer contatos com delegações que participarão do encontro internacional.
A oposição venezuelana afirma que o governo é responsável por uma onda de repressão, incluindo prisão de ativistas, ao passo que Maduro afirma que suas forças de segurança estão, na verdade, impedindo tentativas de golpe de Estado financiadas pelos EUA.
O governo ainda não informou quais países virão para o encontro do Movimento dos Países Não-Alinhados. A mídia venezuelana, no entanto, já noticiou que serão poucos os chefes de Estado que comparecerão além dos já tradicionais aliados políticos da Venezuela na região, como Cuba, Equador e Bolívia.
O movimento foi criado durante a Guerra Fria por países em desenvolvimento que desejavam evitar um alinhamento automático com os Estados Unidos ou a União Soviética. Mas o movimento luta para ter alguma relevância desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o colapso da União Soviética.