Por Idrees Ali e Robin Emmott
BARDUFOSS, Noruega (Reuters) - A Otan precisa enfrentar um adversário russo que é mais imprevisível e que está pronto para correr riscos maiores para projetar poder na Europa, afirmou um general norte-americano nesta quarta-feira, alertando que estudar as capacidades russas e a doutrina militar não são mais suficientes.
A invasão russa da Ucrânia, que Moscou iniciou no dia 24 de fevereiro e chama de "operação militar especial", abalou as suposições de analistas de que o presidente russo, Vladimir Putin, sempre tomaria riscos calibrados, faria uso limitado de forças terrestres e encontraria estratégias de saída, como fez na anexação da Crimeia em 2014 e em sua intervenção na Síria em 2015.
Em contraste, a invasão em escala total da Ucrânia --a maior mobilização militar desde a Segunda Guerra Mundial-- envolve estratégias de cerco, táticas de intensificação, como colocar em alerta as forças nucleares, e a exposição da economia russa às pesadas sanções do Ocidente, tudo para atingir seus objetivos militares.
"Temos um claro entendimento de quais são suas capacidades. E estudamos sua doutrina por um longo tempo", disse o general norte-americano David Berger durante os exercícios da Otan na Noruega.
"As tomadas de decisão deles, da parte do presidente, isso é outro fator, se eles fariam ou não alguma coisa", disse Berger, que é comandante dos Marines dos Estados Unidos, a jornalistas na base aérea norueguesa de Bardufoss, toda coberta pela neve.
"Eu acho que a lição aprendida aqui é que você não pode prever o que um ditador vai fazer", disse ele sobre Putin, que segundo o Ocidente tem se tornado cada vez mais autoritário, reprimindo dissidências domésticas.
Berger disse que isso significa que os exercícios da Otan, como as simulações de "Resposta Fria" em andamento no norte da Noruega neste mês, são cruciais para preparar as forças aliadas por terra, mar e ar, em curto prazo.
"Você precisa estar pronto para responder", disse Berger.