Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco disse que desistiu de se reunir em junho com o patriarca ortodoxo russo Kirill, um aliado do presidente russo, Vladimir Putin, que apoia a guerra de Moscou na Ucrânia.
Francisco, que várias vezes criticou implicitamente a Rússia e Putin sobre a guerra, afirmou ao jornal argentino La Nación em uma entrevista que lamentava que o plano tivesse que ser "suspenso" porque diplomatas do Vaticano aconselharam que tal reunião "poderia gerar muita confusão neste momento".
Em Moscou, o metropolita Hilarion, uma autoridade graduada da Igreja Ortodoxa Russa, disse, segundo a agência de notícias RIA, que a reunião foi adiada porque "os eventos dos últimos dois meses" teriam criado muitas dificuldades em sua preparação.
A Reuters informou em 11 de abril que o Vaticano estava considerando estender a viagem do papa ao Líbano de 12 a 13 de junho por um dia para que ele pudesse se encontrar com Kirill em 14 de junho em Jerusalém.
Kirill, de 75 anos, deu sua bênção total à invasão da Ucrânia pela Rússia desde que ela começou em 24 de fevereiro, uma posição que fragmentou a Igreja Ortodoxa mundial e desencadeou uma rebelião interna que teólogos e acadêmicos dizem ser sem precedentes.
Francisco, de 85 anos, tem usado termos como agressão injustificada e invasão em seus comentários públicos sobre a guerra e lamenta as atrocidades contra civis.
Questionado na entrevista por que ele nunca nomeou a Rússia ou Putin especificamente, Francisco declarou: "Um papa nunca nomeia um chefe de Estado, muito menos um país, que é superior ao seu chefe de Estado".