YEREVAN (Reuters) - O papa Francisco deixou o discurso preparado nesta sexta-feira para usar a palavra “genocídio” ao se referir às mortes em massa de armênios em 1915, uma descrição que enfureceu os turcos quando ele a fez há um ano.
Num discurso para o presidente da Armênia e diplomatas, o papa usou o termo armênio “Metz Yeghern” (o grande mal), mas então acrescentou ao texto preparado a expressão “aquele genocídio” para se referir ao que ele também chamou “da primeira da série deplorável de catástrofes do século passado”.
Não houve reação imediata da Turquia, que no ano passado chamou de volta o seu embaixador no Vaticano depois de o papa usar o termo “genocídio”. O diplomata ficou fora por dez meses.
A Turquia aceita que muitos armênios cristãos vivendo no Império Otomano foram mortos em confrontos com as forças otomanas durante a Primeira Guerra Mundial, mas contesta os números e nega que as mortes tenham sido sistematicamente orquestradas e constituam um genocídio. O país diz que muitos turcos muçulmanos morreram naquela época.
"Não há razão para não usar essa palavra nesse caso”, afirmou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, à imprensa. “A realidade é clara, e nós nunca negamos a realidade.”
(Por Philip Pullella e Margarita Antidze)