Calendário Econômico: Livro Bege do Fed, guerra comercial, dado de atividade no BR
Por Joshua McElwee
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Leão 14 fez um apelo urgente para que o mundo ajude os imigrantes em seu primeiro grande documento, que foi lançado nesta quinta-feira e invocou uma das críticas mais fortes do falecido papa Francisco às políticas anti-imigração do presidente dos EUA, Donald Trump.
O documento de Leão, conhecido como exortação apostólica, está focado nas necessidades dos pobres do mundo. Ele pede mudanças amplas no sistema de mercado global para lidar com a crescente desigualdade e ajudar as pessoas que vivem de salário em salário.
O texto de 104 páginas começou como um projeto escrito por Francisco, que não conseguiu concluí-lo antes de sua morte em abril, após 12 anos liderando a Igreja global de 1,4 bilhão de seguidores. Ele foi concluído por Leão, o primeiro papa dos EUA.
"Estou feliz por tornar este documento meu -- acrescentando algumas reflexões -- e por publicá-lo no início de meu próprio pontificado", escreve Leão no início do texto.
O cardeal Michael Czerny, conselheiro sênior tanto de Francisco quanto de Leão, disse que, embora o novo documento tenha sido iniciado pelo falecido papa, ele representa as posições de Leão.
"Este é o documento do papa Leão", declarou Czerny em uma entrevista coletiva no Vaticano.
REFERÊNCIA A CRÍTICAS AOS MUROS DE FRONTEIRA
Eleito em maio para substituir Francisco, Leão tem demonstrado um estilo muito mais reservado do que seu antecessor, que frequentemente criticava o governo Trump.
Mas Leão tem aumentado sua desaprovação nas últimas semanas, atraindo reações acaloradas de alguns católicos conservadores proeminentes.
"A Igreja, como uma mãe, acompanha aqueles que estão caminhando", escreve o pontífice no documento, intitulado "Dilexi te" (Eu te amei). "Ela sabe que, em cada imigrante rejeitado, é o próprio Cristo que bate à porta da comunidade."
"Onde o mundo vê ameaças, (a Igreja) vê crianças; onde muros são construídos, ela constrói pontes", diz Leão, referindo-se à crítica de Francisco em 2016 a Trump como "não cristão" por causa do plano do presidente em seu primeiro mandato de construir um muro na fronteira EUA-México.
A Casa Branca disse que Trump foi eleito com base em suas muitas promessas, incluindo a de deportar "estrangeiros ilegais criminosos".
ALERTA SOBRE "FOSSA" SEM DIGNIDADE MORAL
O número de pessoas que vivem na pobreza "deve pesar constantemente em nossas consciências", afirma o documento.
"Não faltam teorias tentando justificar o estado atual das coisas ou explicar que o pensamento econômico exige que esperemos que forças invisíveis do mercado resolvam tudo."
"Aos pobres são prometidas apenas algumas ’gotas’ que escorrem, até que a próxima crise global traga as coisas de volta ao que eram", acrescenta o documento.
O documento sinaliza que Leão compartilha algumas das mesmas prioridades de Francisco, que evitou muitas das armadilhas do papado e frequentemente criticou o sistema de mercado global por não cuidar das pessoas mais vulneráveis da sociedade.
"A ilusão de felicidade derivada de uma vida confortável empurra muitas pessoas para uma visão de vida centrada no acúmulo de riqueza e no sucesso social a todo custo, mesmo às custas dos outros", diz o texto.
"Ou recuperamos nossa dignidade moral e espiritual ou caímos em uma fossa."