Por Elizabeth Piper, Kylie MacLellan e William James
LONDRES, 3 Set (Reuters) - Uma aliança entre partidos derrotou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no Parlamento nesta terça-feira, em uma iniciativa para impedir que ele retire o Reino Unido da União Europeia sem um acordo de divórcio - levando Johnson a anunciar que ele buscaria imediatamente convocar eleições antecipadas.
Parlamentares aprovaram por 328 a 301 votos uma moção patrocinada por partidos de oposição e parlamentares rebeldes do partido do Johnson - que haviam sido avisados de que seriam expulsos do Partido Conservador caso desafiassem o governo.
Mais de três anos depois que o Reino Unido votou em um referendo para deixar a União Europeia, a derrota de hoje deixa o caminho para o Brexit sem resolução, e os possíveis resultados ainda variam de uma turbulenta saída até o abandono completo da empreitada.
A vitória de terça-feira é apenas o primeiro obstáculo para os parlamentares que, tendo tido sucesso na tomada do controle das atividades da Câmara, buscarão na quarta-feira a aprovação de uma lei que force Johnson a pedir que a UE adie o Brexit até o dia 31 de janeiro, a não ser que ele tenha um acordo aprovado pelo Parlamento com antecedência sobre os termos da saída.
Os dissidentes conservadores, que agora enfrentam uma possível expulsão do partido incluem Nicholas Soames, o neto do líder do Reino Unido na Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill, e dois ex-ministros das Finanças, Philip Hammond e Kenneth Clarke.
"Eu não quero uma eleição, mas se os membros do Parlamento votarem amanhã para paralisar as negociações e obrigarem um outro atraso sem sentido para o Brexit, potencialmente por anos, então esta seria a única maneira de resolver isso", disse Johnson ao Parlamento após a votação.
Em um confronto histórico entre o primeiro-ministro e o Parlamento, os adversários de Johnson disseram que queriam evitar que ele brincasse de "roleta russa" com um país que já considerado no passado um confiante pilar de estabilidade política e econômica no Ocidente.
Os parlamentares argumentam que nada pode justificar o risco de um Brexit "sem acordo" que cortaria laços econômicos da noite para o dia com o maior mercado de exportações do Reino Unido e que inevitavelmente traria uma gigantesca perturbação econômica.