Por Emily Stephenson e Amanda Becker
WILMINGTON/WASHINGTON (Reuters) - Alguns dos partidários hispânicos de Donald Trump estão se distanciando do candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, depois que ele manteve a sua posição dura sobre a imigração ilegal em um importante discurso e ignorou pedidos de correligionários para que moderasse o tom.
Trump reiterou em um discurso feito na quarta-feira que a única maneira de estrangeiros sem documentos viverem nos Estados Unidos legalmente em sua presidência seria voltar para casa e solicitar a reentrada.
Mas o empresário, que aparece atrás da candidata democrata Hillary Clinton nas pesquisas de opinião, de fato recuou da promessa de deportar imediatamente os 11 milhões de imigrantes que moram ilegalmente nos EUA e disse que priorizaria aqueles com ficha criminal.
Embora as pesquisas mostrem que a maioria dos eleitores hispânicos se opõe a Trump, a retirada do apoio de seu pequeno grupo de apoiadores latinos ressalta como é difícil para o magnata ampliar seu apelo junto a minorias e eleitores moderados. Alfonso Aguilar, que recentemente organizou uma carta de apoio em nome de Trump, disse ter se sentido "decepcionado e enganado" pelo discurso incendiário e retirado seu apoio.
"Nos últimos dois meses ele disse que não iria deportar pessoas sem ficha criminal. Na verdade ele disse que iria tratar imigrantes sem documentos e sem ficha criminal de maneira humana e compassiva", afirmou Aguilar à rede CNN nesta quinta-feira. Ele é presidente do grupo Parceria Latina para os Princípios Conservadores.
Trump aproveitou um evento na cidade de Phoenix na quarta-feira para esclarecer sua postura sobre a imigração ilegal depois de tergiversar a respeito do tema na semana passada, e retomou a retórica radical que lhe ajudou a derrotar 16 rivais e conquistar a candidatura republicana, animando os conservadores que atraídos com sua visão sobre a questão.
Alguns membros de um conselho formado por Trump no mês passado para aconselhá-lo sobre temas hispânicos expressaram reservas a respeito ou cortaram laços com a candidatura do empresário do setor imobiliário após o pronunciamento em Phoenix.
Jacob Monty, advogado do Texas e membro do grupo, disse que estava retirando seu apoio a Trump e que não irá votar na eleição de 8 de novembro.
"Não havia nada a favor do empresariado naquele discurso", disse Monty para o canal MSNBC. "Estávamos esperando algum lampejo do Donald Trump que conhecemos uma semana e meia atrás, mas não apareceu."
Mas outros conselheiros latinos, incluindo o pastor da Flórida Mario Bramnick e o senador de Kentucky Ralph Alvardo, disseram que continuarão trabalhando com a campanha de Trump.
Em um comício em Wilmington, no Ohio, realizado nesta quinta-feira, Trump afirmou que seu plano para a imigração irá tratar todos com "dignidade, respeito e compaixão", mas priorizar a compaixão com os cidadãos norte-americanos e incluir uma verificação da postura ideológica.
"Só queremos admitir em nosso país aqueles que compartilham nossos valores e amam nosso povo", disse o ex-apresentador de televisão.
A campanha presidencial de Hillary Clinton classificou o discurso sobre imigração de Trump como um "desastre", e já começou a veicular comerciais em Estados tradicionalmente mais disputados, como Flórida, Iowa, Nevada, New Hampshire, Carolina do Norte, Ohio e Pensilvânia.
(Reportagem adicional de Susan Heavey e David Alexander em Washington e Emily Flitter em Nova York)