(Reuters) - PDT e PTB anunciaram na quarta-feira independência em relação ao governo na Câmara dos Deputados, deixando a base aliada, ampliando as dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff no relacionamento com o Legislativo.
As duas legendas tomaram a decisão apesar de contarem com ministros no governo. O PDT comanda o Ministério do Trabalho com Manoel Dias, enquanto o PTB tem Armando Monteiro à frente do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A saída do PDT da base governista já era esperada desde que o partido decidiu votar contra medidas de ajuste fiscal propostas pelo Executivo, especialmente as que tratavam de benefícios trabalhistas e previdenciários.
O líder do partido na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), disse que a legenda não vai mais participar das reuniões dos líderes da base depois que seus parlamentares foram considerados infiéis pelo governo.
"Não admitiremos mais sermos chamados de infiéis e traidores porque nunca traímos nossos princípios", disse Figueiredo, segundo a Agência Câmara Notícias.
O PTB, por sua vez, vai decidir caso a caso como votar as matérias em pauta na Câmara, de acordo com o líder do partido na Casa, deputado Jovair Arantes (GO).
A saída dos dois partidos da base governista acontece após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter anunciado seu rompimento com o governo, num momento de agravamento da crise política no país. Cunha fez seu movimento após ser citado por um delator da operação Lava Jato e acusa o governo e a Procuradoria Geral da República de montar um complô contra ele.
Na quarta-feira, o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, fez um enfático apelo público ao Congresso Nacional e aos partidos políticos para que evitassem um agravamento dos problemas enfrentados pelo país.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)