Por Marc Leras e Brian Love
MARSELHA/PARIS (Reuters) - A polícia da França usou jatos de água e gás lacrimogêneo para interromper um piquete de grevistas que bloqueavam o acesso a uma grande refinaria de petróleo na área do porto de Marselha, no sul francês, nesta terça-feira, em uma queda de braço entre os governo e sindicatos contrários a uma polêmica reforma trabalhista.
A operação policial do lado de fora da refinaria de Fos-sur-Mer, que pertence à norte-americana Exxon Mobil Corp (NYSE:XOM), aconteceu no momento em que dezenas de postos de combustível estão desabastecidos, e o governo alertou que a ação não será tolerada.
"Já chega", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, que advertiu que o sindicato trabalhista linha-dura CGT, que está por trás de outras greves na tentativa de interromper a atividade de instalações de abastecimento de combustível, também será tratado com "extrema firmeza".
A intervenção da polícia, ocorrida antes do amanhecer, marcou uma escalada no impasse entre o governo do presidente francês, François Hollande, e o CGT, que está organizando greves em esquema de rodízio em refinarias de petróleo, portos e ferrovias.
"Iremos com isso até o fim, até a retirada da lei trabalhista", disse o chefe do CGT, Philippe Martinez. "Este é um governo que deu as costas às suas promessas, e agora estamos vendo as consequências".
O que está em questão a um ano das eleições presidencial e legislativa é uma reforma da lei trabalhista que Hollande espera incentivar a criação de novos postos de trabalho e ajudar a lidar com uma taxa de desemprego que estacionou perto dos 10 por cento.
Seus adversários, incluindo o CGT e um movimento de protesto de jovens, dizem que a reforma irá retirar alguns dos regulamentos trabalhistas mais favoráveis da zona do euro, permitindo que as empresas demitam com mais facilidade em um cenário de dificuldade econômica e oferecendo mais isenções a normas nacionais sobre salários e condições de trabalho.
A disputa lançou luz sobre a batalha por influência dentro do CGT, um dos maiores sindicatos trabalhistas da França, mas cujo poder tem dado sinais de enfraquecimento.
Martinez tem pouca escolha além de adotar uma estratégia de radicalismo e manifestações de grande visibilidade, dizem analistas de relações industriais, devido a desavenças internas nas quais a linha-dura da organização tem se imposto.