ISTAMBUL (Reuters) - A polícia de choque de Istambul disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma marcha em defesa das pessoas transexuais, neste domingo, proibida após ultranacionalistas afirmarem que "degenerados" não podem se manifestar.
Centenas de policiais isolaram a Praça Taksim, a principal da cidade, para evitar a parada do “Orgulho Trans” durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã.
Autoridades proibiram paradas do orgulho gay e transgênero neste mês, citando preocupações relacionadas à segurança após ultranacionalistas advertirem contra qualquer evento dessa natureza em solo turco.
“Fãs de futebol podem se reunir neste país quando quiserem. Vamos fazer uma atividade pacífica”, disse Ebru Kiranci, porta-voz da Associação Solidária LGBTI de Istambul.
"(O) mês sagrado do Ramadã é uma desculpa. Se você irá respeitar o Ramadã, nos respeite também. Os heterossexuais pensam que é muito para nós, apenas duas horas em 365 dias”, disse.
A parada anual do orgulho gay, descrita como a maior no mundo muçulmano, estava prevista para o dia 26 de junho. Istambul sedia paradas do orgulho gay desde 2003, atraindo dezenas de milhares de participantes, mas no ano passado foi reprimida pela polícia.
Embora a república turca seja constitucionalmente secular, a grande maioria da população é muçulmana.
Tayyip Erdogan, que se tornou presidente em 2014 depois de 11 anos como primeiro-ministro, vem aumentando o poder do chefe de Estado com apelos para nacionalistas e religiosos conservadores.
Isso tem mudado efetivamente a Turquia de um sistema parlamentar para presidencial antes mesmo de Erdogan buscar alterar a Constituição através de um referendo para tornar a iniciativa oficial.
(Reportagem de Osman Orsal e Melih Aslan)