Por Venus Wu e James Pomfret
HONG KONG (Reuters) - Um batalhão de choque da polícia da China reagiu nesta terça-feira a manifestantes de um vilarejo que já foi reconhecido como um símbolo da democracia no país com gás lacrimogêneo e balas de borracha, disseram moradores e a mídia de Hong Kong, menos de uma semana depois de o líder eleito da localidade ser preso por corrupção.
As operações policiais ocorridas antes do amanhecer se tornaram violentas quando pelo menos 13 pessoas foram presas no vilarejo de pescadores de Wukan, na província de Guangdong, no sul chinês, relataram moradores.
Ativistas de direitos humanos de Hong Kong, que fica a cerca de quatro horas de carro seguindo para o sudeste, acreditam que a repressão pode representar uma ofensiva inédita para silenciar Wukan, cujos residentes despertaram atenção internacional após um levante em 2011 que levou as autoridades a permitir eleições diretas no vilarejo.
Embora experimentos democráticos de pouca expressão tenham sido levados a cabo em vilarejos de toda a China, o de Wukan aconteceu diante dos olhos do país e do mundo e marcou um momento raro de recuo das autoridades do Partido Comunista em reação a um protesto.
Os residentes, inclusive idosos, jogaram tijolos na polícia enquanto os agentes avançavam com escudos, porretes e capacetes, e imagens em vídeo vistas pela Reuters mostraram nuvens de gás lacrimogêneo se espalhando pela rua.
As ruas ficaram repletas de tijolos, cápsulas de balas de borracha e tubos de gás lacrimogêneo.
A Reuters não conseguiu verificar de imediato a autenticidade do vídeo.
Os clamores por democracia são um anátema para os dirigentes do partido, que há muito temem que esse sentimento se espalhe de Hong Kong para a fronteira com o sul da China. As semanas de manifestações da chamada "revolução dos guarda-chuvas" na ex-colônia britânica no final de 2014 exigindo eleições livres representaram um dos maiores desafios políticos de Pequim em décadas.
(Reportagem adicional da redação de Hong Kong bureau e Michael Martina em Pequim)