Por Brian Love
PARIS (Reuters) - A tropa de choque da polícia francesa usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra manifestantes que marchavam nesta quinta-feira na França contra reformas trabalhistas, no que centrais sindicais disseram ter sido provavelmente a última manifestação para tentar reverter a lei.
Tumultos ocorreram em cidades incluindo Paris, Nantes, Toulouse, Rennes, Grenoble e Montpellier, informou o Ministério do Interior em comunicado.
Jovens encapuzados atiraram garrafas, latas e em algumas ocasiões bombas caseiras às margens de marchas contra a lei trabalhista que facilitará contratações e demissões.
Líderes de centrais sindicais da França reconheceram que os meses de protestos de rua contra a legislação já adotada chegaram ao fim, e que o foco agora serão os desafios da aplicação da lei.
"Não desistiremos da luta. Não teremos outra onda de manifestações, mas há outras maneiras de combater a lei trabalhista", disse Jean-Claude Mailly, diretor da central Force Ouvrière, ao canal de televisão pública France 2.
"Esta lei será o chiclete que gruda na sola dos sapatos do governo".
Mailly e Philippe Martinez, líder da central CGT, disseram ter esperança de que as contestações legais forcem a retirada da nova lei.
Eles afirmaram que pretendem contestar os decretos de aplicação --documentos que detalham como a lei se aplica na prática.
A nova lei, que o governo impôs ao Parlamento em julho perante uma rebelião de parlamentares do partido governista, pretende tornar o rígido mercado de trabalho francês mais flexível, em parte permitindo que as empresas adaptem os termos de pagamentos e horários de trabalho às suas necessidades mais facilmente.
Sete meses antes do primeiro turno de uma eleição presidencial totalmente indefinida, o presidente francês, François Hollande, ainda está sendo assolado por uma taxa de desemprego de dois dígitos, e espera que a nova legislação ajude a reduzir esse índice.
Embora Hollande tenha dado sinais claros de que pretende concorrer, o presidente havia disse anteriormente que só tentaria a reeleição se pudesse apresentar avanços na luta contra o desemprego.
Em seu auge, os protestos levaram quase 400 mil pessoas às ruas em março, mas o comparecimento vem caindo de forma constante à medida que o apetite da população pela confrontação da lei nas ruas diminui.