Por Gleb Stolyarov e Alexander Winning
MOSCOU (Reuters) - A polícia russa afirmou ter encontrado evidência de fraude em uma seção de votação onde repórteres da Reuters viram irregularidades durante uma eleição parlamentar em 18 de setembro, da qual um partido leal ao Kremlin saiu vitorioso.
Uma unidade de polícia da região de Mordóvia escreveu em uma carta à Reuters que investigou e identificou indícios de fraude criminal na seção de votação número 591. A polícia afirmou que encaminhou o caso para o Comitê Investigativo, órgão estatal que decide se formalizará uma acusação criminal.
"Como resultado de uma verificação, foi estabelecido que há uma indicação de um crime descrito no capítulo 142.1 do código penal russo (falsificação de resultado eleitoral)", disse.
A Rússia é sensível às alegações de fraude eleitoral. Enquanto a recente eleição ocorreu calmamente, as votações anteriores parlamentares e presidencial em 2011 e 2012 levaram aos maiores e mais duradouros protestos desde quando o presidente Vladimir Putin tomou o poder na virada do milênio.
A carta da polícia foi o primeiro reconhecimento oficial de que pode ter havido fraude. Autoridades eleitorais disseram no mês passado que as conclusões da Reuters não foram provadas.
No dia da votação, a Reuters enviou repórteres para uma amostra de 11 locais de votação pelo centro e oeste da Rússia. Foram testemunadas discrepâncias na contagem, votação múltipla, preenchimento de cédulas e outras irregularidades.
No local de votação 591 em Saransk, capital regional da Mordóvia, cerca de 650 quilômetros a sudeste de Moscou, repórteres contaram 1.172 eleitores, mas as autoridades registraram 1.756.
Na mesma seção, um repórter da Reuters relatou que obteve um registro temporário para votar e preencher uma cédula para um partido que não o pró-Putin Rússia Unida. Durante a contagem, autoridades registraram que nenhum voto foi destinado para o partido em questão.
Um homem foi visto preenchendo duas cédulas, a segunda cerca de 20 minutos após a primeira.
"Eu não acho que houve qualquer fraude", disse Irina Fedoseyeva, que era a autoridade que chefiava a estação, à Reuters por telefone nesta segunda.
Irina contou ter sido questionada por um investigador e que as verificações ainda estavam em curso.
A Comissão Eleitoral Central disse mais cedo, em uma resposta oficial à Reuters sobre o local de votação 591, que era impossível contar eleitores com total exatidão e que as acusações de múltiplas votações não poderiam ser investigadas sem o nome do eleitor.
A cédula perdida, segundo as autoridades eleitorais, pode estar entre as duas que foram declaradas inválidas na estação, mas é impossível estabelecer com certeza por conta da confidencialidade do eleitor.