Por Daren Butler e Humeyra Pamuk
ISTAMBUL (Reuters) - A polícia turca invadiu instalações de meios de comunicação próximos a um clérigo muçulmano baseado nos Estados Unidos no domingo e prendeu 24 pessoas, inlcuindo executivos e ex-chefes de polícia, em operações contra o que o presidente Tayyip Erdogan diz ser uma rede terrorista conspirando para derrubá-lo.
As invasões ao jornal Zaman e à televisão Samanyolu marcaram uma escalada da batalha de Erdogan com o ex-aliado Fetullah Gulen, com quem está em conflito aberto desde que uma investigação por corrupção sobre o círculo próximo a Erdogan surgiu há um ano.
Em cendas divulgadas ao vivo por canais de TV tucors, o editor do Zaman Fetullah Gulen sorriu e avaliou documentos da polícia antes de ser levado pelos escritórios do jornal sob aplausos dos funcionários.
"Deixem aqueles que cometeram crimes ficarem com medo", disse ele conforme a polícia o levava com dificuldade pela multidão até um carro. "Não estamos com medo."
A imprensa informou que mandados de prisão foram emitidos para 32 pessoas. A emissora estatal TRT Haber disse 24 pessoas foram detidas em incursões na Turquia, incluindo dois ex-chefes de polícia. Produtores e funcionários de séries dramáticas da Samanyolu foram detidos, junto com o presidente do grupo.
"Este é um espetáculo vergonhoso para a Turquia", disse o presidente Hidayet Karaca antes de sua prisão. "Infelizmente, na Turquia do século 21, este é o tratamento dado a um grupo de mídia com dezenas de estações de rádio e televisão, mídia de internet e revistas."
Erdogan, do Partido AK eleito em 2002, adotou muitas reformas democráticas em seus primeiros anos no poder e restringiu a participação do Exército na política. Aliados da Otan frequentemente citam a Turquia como um exemplo de democracia muçulmana bem-sucedida, mas recentemente os críticos têm acusado Erdogan de intolerância com a oposição e de, cada vez mais, uma reversão às raízes islâmicas.
O editor do Zaman Bulent Kenes disse à Reuters que a polícia havia mostrado a eles documentação que se referia a uma acusação de "formação de quadrilha para tomar a soberania do Estado".
Os ministros do governo se recusaram a fazer comentários específicos sobre as operações, mas o ministro da Saúde, Mehmet Muezzinoglu, disse que "qualquer pessoa que comete erros paga o preço", informou a mídia estatal.