Por Elizabeth Piper, Andrew MacAskill e William James
LONDRES, 12 Jun (Reuters) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, derrotou uma rebelião no Parlamento sobre seus planos do Brexit nesta terça-feira, mas somente após ter que se comprometer e dar a parlamentares mais controle sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Após vencer a votação desta terça sobre mudanças para um futuro “voto significativo” em um acordo final com Bruxelas em seu projeto de lei de saída da UE, os planos de May de encerrar mais de 40 anos de associação com o bloco ainda estão em curso.
Sua concessão para discutir as mudanças pode significar que parlamentares possam ter mais poder caso ela não consiga assegurar um acordo para o Brexit, possivelmente levando a uma abordagem mais suave para divórcio do Reino Unido. No entanto, como as coisas estão, eles não poderão enviar o governo de volta às negociações se rejeitarem um acordo com a UE.
Apoiadores do Brexit ainda expressaram preocupação de que a concessão pode abrir a porta para a UE tentar forçar o Reino Unido a manter os laços mais próximos possíveis com o bloco ao enfraquecer a mão do governo nas conversas. Parlamentares pró-UE elogiaram isto como um sinal de que o governo está desistindo de um Brexit “sem acordo”.
Parlamentares apoiaram um plano do governo, encerrando uma rebelião que teria desafiado a autoridade de May em um momento em que ela está sob crescente pressão para avançar com conversas estagnadas sobre o Brexit em Bruxelas ao oferecer um plano mais detalhado.
Mais cedo, o ministro do Brexit, David Davis, disse ao Parlamento que uma derrota iria enfraquecer negociações com Bruxelas e alertou parlamentares que o governo nunca iria permitir que eles “revertessem o Brexit”.
A vitória do governo foi o primeiro grande triunfo em dois dias de debates sobre seu projeto de lei de saída da UE, que irá romper laços com a UE, após a câmara alta do Parlamento, a Câmara dos Lordes, introduzir 15 mudanças.
O triunfo segue uma tensa sessão parlamentar, na qual profundas divisões abertas pela votação em 2016 do Reino Unido para deixar a UE ficaram evidentes, com parlamentares opostos ao governo dizendo que haviam recebido ameaças de morte.
CONCESSÕES
Em uma tensa atmosfera na qual não ficou claro qual caminho a votação iria tomar, o governo assegurou sua vitória somente após oferecer concessões para um dos líderes de um grupo de parlamentares conservadores que ameaçava votar contra May.
Uma hora antes da votação, o procurador-geral do governo, Robert Buckland, prometeu ao parlamentar Dominic Grieve conversas sobre aumento de poderes do Parlamento se May não conseguir chegar a um acordo em Bruxelas. Os dois então discutiram um acordo em sussurros conforme outros parlamentares faziam discursos em volta deles. O acordo foi selado em um encontro particular entre May e possíveis rebeldes.
Buckland indicou que o governo iria analisar a possibilidade de adotar a tentativa de Grieve para que ministros assegurem aprovação parlamentar para seus planos do Brexit caso não consigam negociar um acordo com a UE.
Isto deu certo. “Estou bem satisfeito que nós teremos uma votação significativa sobre ‘acordo’ e ‘sem acordo’”, disse Grieve à Sky News.
Mas a manobra mais recente por um governo minoritário que foi forçado a se comprometer com o Parlamento preocupou alguns parlamentares que temem que isto dará à UE um incentivo para rejeitar qualquer negociação sobre um acordo de saída para forçar um Brexit mais suave.
“Isto precisa ser resolvido”, disse Andrew Bridgen, parlamentar conservador pró-Brexit, à Reuters.
O parlamentar Chuka Umunna, do Partido Trabalhista e que apoia permanência na UE, elogiou as concessões como o fim das ameaças do governo para permitir que o Reino Unido saia da UE sem um acordo.