CRACÓVIA, Polônia (Reuters) - Um tribunal polonês que irá decidir sobre um pedido dos Estados Unidos para extraditar Roman Polanski, em função de uma condenação pelo abuso sexual de uma adolescente em 1977, recebeu documentos legais que havia solicitado às autoridades norte-americanas, deixando o caso um passo mais próximo de sua concluão.
O cineasta, que tem nacionalidade polonesa e francesa, mora em Paris, por isso uma ordem de extradição polonesa não o obrigaria a voltar aos EUA. Mas Polanski quer fazer um filme em sua terra natal, algo que fica ameaçado se o pedido de extradição for concedido.
O caso foi adiado em maio, quando a corte declarou necessitar de mais informações das autoridades dos EUA, onde Polanski se declarou culpado de fazer sexo com uma garota de 13 anos durante uma sessão de fotos em Los Angeles em 1977.
Os advogados do diretor disseram que os documentos, relacionados ao interrogatório e às perguntas feitas a Polanski pelo promotor que conduziu o caso nos anos 1970, são cruciais.
"O tribunal agora está analisando os documentos, e só depois de algum tempo poderá verificar se recebeu respostas para todas as inquirições abordadas pelo lado norte-americano", afirmou a porta-voz da corte.
Se a instância arbitrar a favor da extradição, o caso será encaminhado ao ministro da Justiça para uma decisão final.
O diretor, hoje com 82 anos, passou 42 dias na prisão, parte de um acordo de confissão que implicou em 90 dias de pena. Ele fugiu dos EUA no ano seguinte, acreditando que o juiz encarregado de seu caso poderia anular o acordo e o encarcerar durante anos.
Sua carreira de sucesso continuou fora dos EUA, e vários de seus filmes foram premiados com Oscars.
Em 2009, Polanski foi preso em Zurique por conta de um pedido de prisão dos Estados Unidos e colocado em prisão domiciliar. Ele foi libertado em 2010, depois de as autoridades suíças decidirem não extraditá-lo.
De acordo com fontes próximas de Polanski, o destino do filme que ele planeja fazer na Polônia, que trata do caso Dreyfus na França do século 19, depende da decisão sobre sua extradição, já que os produtores só estão dispostos a financiar a produção se tiverem certeza de que Polanski estará seguro em seu país de origem. O Estado polonês pretende cofinanciar o
filme.
(Por Wojciech Zurawski)