Por Tim (SA:TIMP3) Hepher e Ahmed Aboulenein
PARIS/CAIRO (Reuters) - As equipes que procuram as caixas-pretas com os registros de voo de um avião desaparecido da empresa aérea EgyptAir que caiu na semana passada com 66 pessoas a bordo estão enfrentando limitações técnicas que especialistas em aviação estão culpando cada vez mais a uma reação regulatória lenta a desastres anteriores.
No momento em que uma busca de três anos pelo voo MH370, da Malaysia Airlines, em água profundas do oceano Índico chega perto do final sem que a aeronave tenha sido encontrada, outra começa no mar Mediterrâneo, mas sem que as lições de acidentes passadas já tenham sido postas em prática.
As equipes de resgate têm cerca de 30 dias até o esgotamento das baterias de dois sinalizadores marinhos concebidos para levá-los às caixas-pretas, enquanto vasculham 17 mil quilômetros quadrados de mar ao norte da cidade portuária egípcia de Alexandria.
Depois de acidentes anteriores em pleno mar, organismos reguladores concordaram em aumentar o período de transmissão e o alcance dos sinalizadores para também aumentar as chances de se encontrar indícios e evitar novas tragédias.
As mudanças, que aumentam a vida útil dos aparelhos para 90 dias, foram recomendadas pelos reguladores franceses pela primeira vez no final de 2009, seis meses após a queda de um avião da Air France no oceano Atlântico durante voo Rio-Paris.
Mas elas não entrarão em vigor antes de 2018: tarde demais para ajudar a encontrar o voo 804 da EgyptAir.
Investigadores franceses disseram que a aeronave egípcia enviou alertas indicando a detecção de fumaça a bordo. Os sinais não indicavam o que causou a fumaça, e especialistas em aviação não descartaram sabotagem deliberada ou falha técnica. O Egito enviou um robô submarino para auxiliar as buscas.
É a segunda vez em pouco mais de um ano que operações marítimas dependem da tecnologia das caixas-pretas, que já tem décadas, depois que um avião da AirAsia caiu no mar de Java.
Os atrasos na implementação das mudanças nos sinalizadores para aumentar a vida útil de suas baterias e aprimorar as chances de se localizar as caixas-pretas foram criticados por vários especialistas, incluindo o ex-diretor do Escritório de Pesquisas e Análises Para a Segurança da Aviação Civil da Franca (BEA, na sigla em francês), que está auxiliando a procura pelo avião da Egyptair.