Por Kylie MacLellan e William James
LONDRES (Reuters) - O Reino Unido deixará o mercado comum da União Europeia quando sair da UE, disse a primeira-ministra britânica, Theresa May, nesta terça-feira, colocando um fim às especulações de que Londres poderia buscar um chamado “Brexit suave”.
Em um aguardado discurso no qual buscou definir o futuro do país como um player global que busca negociar livremente fora da Europa, May disse que o acordo final de saída do Reino Unido da UE será enviado para votação no Parlamento.
Essa promessa ajudou a recuperar a libra nos mercados de câmbio. A moeda britânica <GBP=DA>, que tem sido negociada nos menores níveis frente ao dólar em mais de três décadas, chegou à máxima do dia durante o discurso da premiê.
A primeira-ministro afirmou que irá buscar uma parceria igualitária com a UE, mas acrescentou que não adotaria modelos já utilizados por outros países que possuem acordos de livre comércio com o bloco.
A declaração de May afirmando que o Reino Unido deixará o mercado comum foi de longe a mais clara indicação que ela já deu sobre seus planos para o futuro do país, após meses de críticas de que não estava sendo suficientemente transparente sobre a questão.
“Quero ser clara: o que estou propondo não pode significar filiação ao mercado comum”, disse May a uma audiência de diplomatas estrangeiros e com a presença da própria equipe de negociação britânica do Brexit, em Londres.
“Em vez disso, buscamos o maior acesso possível a esse mercado com um novo, amplo, ousado e ambicioso acordo de livre comércio. Esse acordo pode trazer elementos do atual mercado comum em certas áreas”, acrescentou.
O anúncio da primeira-ministra de que colocará em votação o acordo final sobre o Brexit em ambas as casas do Parlamento acontece antes de uma decisão judicial que dirá se o governo tem o poder de iniciar o processo de saída do bloco sem aprovação parlamentar.
May disse que planeja iniciar o processo de negociação de saída, com duração de dois anos, no fim de março.
A votação dos britânicos em um referendo para deixar a UE abriu uma série de dúvidas em questões como imigração e direitos de muitos cidadãos da UE que já moram no Reino Unido, além de temas como se exportadores manterão acesso ao sistema de tarifa zero do mercado comum europeu e se bancos britânicos serão capazes de atender clientes na Europa continental.
As negociações do Brexit, cuja expectativa é que sejam uma das mais complicadas na história europeia desde a Segunda Guerra Mundial, podem decidir o destino de May no poder, assim como de todo o Reino Unido e do formato futuro da União Europeia quando o Reino Unido sair.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o Brexit vai ser "uma grande coisa" e que outros países seguiriam os passos dos britânicos. Ele prometeu estabelecer um acordo comercial bilateral com o Reino Unido.