Por Polina Devitt e Polina Nikolskaya
MOSCOU/DONETSK, Ucrânia (Reuters) - A Rússia e a Belarus ampliaram os exercícios militares que deveriam terminar neste domingo, disse o ministro da Defesa da Belarus, em uma medida que intensifica ainda mais a pressão sobre a Ucrânia, enquanto líderes ocidentais alertam para um iminente ataque russo.
A decisão de estender os exercícios foi tomada devido à atividade militar perto das fronteiras da Rússia e da Belarus e uma escalada da situação na região de Donbass, no leste da Ucrânia, disse o Ministério da Defesa da Belarus em comunicado.
A Otan afirma que a Rússia tem até 30.000 soldados na Belarus e pode usá-los como parte de uma força de invasão para atacar a Ucrânia, que fica ao sul do país. Moscou nega tal intenção. O Kremlin não comentou os exercícios na Belarus.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as repetidas advertências do Ocidente de que a Rússia está prestes a invadir a Ucrânia são provocativas e podem ter consequências adversas, sem fornecer detalhes.
A Rússia e seus aliados apontam que a Ucrânia e o Ocidente aumentam as tensões ao enviar reforços da Otan para a Europa Oriental.
O ministro da Defesa da Belarus, Viktor Khrenin, disse que o foco dos exercícios estendidos era "garantir uma resposta adequada e diminuir a escalada dos preparativos militares de mal-intencionados perto de nossas fronteiras comuns".
Os países ocidentais preparam sanções que, segundo eles, seriam de amplo alcance contra empresas e indivíduos russos em caso de invasão.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou em uma entrevista transmitida pela BBC neste domingo que tais sanções "atingiriam muito, muito duramente" e poderiam incluir restrições ao acesso de empresas russas ao dólar e à libra.
Ele reconheceu, no entanto, que tais ameaças podem não deter Moscou.
"Temos que aceitar no momento que (o presidente russo) Vladimir Putin está possivelmente pensando de forma ilógica sobre isso e não vê o desastre à frente", declarou Johnson.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, defendeu que o Ocidente imponha algumas das sanções agora, em vez de esperar por uma invasão.
"A Rússia precisa ser parada agora. Vemos como os eventos estão se desenrolando", disse Kuleba.
O foco das tensões nos últimos dias tem sido a faixa do leste da Ucrânia tomada por rebeldes apoiados pelos russos em 2014, mesmo ano em que a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia. Mais de 14.000 pessoas foram mortas no conflito no leste.
Incidentes de bombardeios na linha que divide as forças do governo e os separatistas, esporádicos no passado, aumentaram acentuadamente na semana passada.
No domingo, um repórter da Reuters ouviu explosões no centro da cidade de Donetsk, na região leste de Donbass, controlada por separatistas. Bombardeio pesado foi ouvido em outras áreas da região.
(Reportagem adicional de Guy Faulconbridge)