Por Timothy Heritage e Katya Golubkova
MOSCOU (Reuters) - Dezenas de milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Moscou portando bandeiras e cartazes exaltando a Rússia como grande potência nesta terça-feira, em um desfile anual que neste ano equivaleu a um desafio ao Ocidente em relação à Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, não participou da passeata do "Dia da Unidade", porém mais tarde fez um discurso colocando a Rússia como moralmente superior no impasse com o Ocidente e dizendo que o país se uniu perante "desafios difíceis".
Alguns políticos foram muito mais longe em sua demonstração de fervor patriótico em um concerto depois da passeata, que a polícia afirmou ter atraído mais de 70 mil pessoas, algumas dançando e cantando e muitas empunhando a bandeira tricolor russa.
Outras seguravam cartazes com dizeres como "Um povo unido é um povo que não pode ser derrotado" e "Nossa união é nossa força". Algumas pessoas levavam cartazes de apoio aos separatistas pró-Rússia que combatem forças do governo ucraniano no leste da nação vizinha.
No show a céu aberto perto da Praça Vermelha, o líder comunista Gennady Zyuganov conclamou a Rússia a reconhecer as eleições realizadas no domingo para legitimar as autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia.
Em um discurso tipicamente incendiário, o líder populista Vladimir Zhirinovsky saudou Putin por tomar a península da Crimeia da Ucrânia em março e desdenhou o Ocidente pelas sanções que impôs a Moscou em reação às ações russas em solo ucraniano.
"Os Estados Unidos podem comemorar o Dia da Independência, mas devem lembrar que a marinha russa ajudou em sua luta contra os colonialistas britânicos. Os europeus podem falar em democracia e direitos humanos, mas o exército soviético libertou a Europa do fascismo, que volta a se manifestar no oeste da Ucrânia e em outras áreas", afirmou.
O "Dia da Unidade" comemora um levante popular contra uma invasão polonesa em 1612 e foi ressuscitado por Putin em 2005.
Muitas manifestações e passeatas na Rússia são organizadas por grupos leais ao Kremlin ou por indústrias que querem obter favores do governo, mas as autoridades devem acolher o desfile como demonstração de unidade sob o comando de Putin frente às sanções ocidentais.
"Queridos amigos, este ano tivemos que encarar desafios difíceis. E como já aconteceu mais de uma vez em nossa história, nosso povo reagiu se consolidando e mostrando ímpeto moral e espiritual", declarou Putin em uma recepção de gala.
"O desejo de justiça, de verdade sempre foi honrado na Rússia. E ameaças não irão nos forçar a abandonar nossos valores e ideais".