Por Lisa Barrington e Osman Orsal
BEIRUTE/CILVEGOZU, Turquia (Reuters) - Os Estados Unidos e a Rússia disseram nesta sexta-feira que querem prolongar o cessar-fogo de quatro dias na Síria, apesar de o acordo que eles promoveram se mostrar cada vez mais instável, afetado pela violência crescente e pelo fracasso na entrega de ajuda humanitária.
A segunda tentativa neste ano das superpotências adversárias da época da Guerra Fria para interromper o conflito teve êxito até agora em limitar os combates, mas continua sendo uma aposta de risco numa guerra que não levou a sério nenhum esforço de paz anterior.
Washington e Moscou, que dão apoio a lados opostos na guerra entre o presidente Bashar al-Assad e insurgentes, concordaram em compartilhar informações sobre alvos jihadistas, inimigo comum dos dois países, se a trégua se mantiver.
Embora os detalhes do acordo permaneçam em segredo, isso poderia colocá-los do mesmo lado numa guerra pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial. Contudo, tal cooperação sem precedentes se daria num momento de desconfiança profunda entre os dois países, cujas relações estão no pior momento em décadas.
No campo de batalha, o cessar-fogo foi aceito com relutância pelos rebeldes, que dizem que o acerto é favorável a Assad, mas afirmam que não têm escolha devido à situação humanitária desesperadora de civis em áreas cercadas. O governo Assad, que desde os primeiros dias da guerra não tinha uma situação tão favorável no conflito, também não tem pressa para chegar a um compromisso.
O governo de Moscou, que tem a chave de acesso para a cooperação do seu aliado Assad, declarou que está pronto para estender a trégua por 72 horas e pediu que Washington pressione os rebeldes para respeitá-la.
Washington afirmou que o prolongamento é importante, mas também mostrou preocupação por causa do fracasso na chegada da ajuda.
O secretário de Estado, John Kerry, que pessoalmente negociou o acordo apesar do ceticismo entre alguns dos seus colegas no governo norte-americano, disse ao ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, que Washington não iniciaria as acordadas ações conjuntas contra militantes antes da chegada da ajuda.
Dois comboios de ajuda destinados a Aleppo ainda estavam presos na fronteira com a Turquia, depois de vários dias, enquanto os lados disputam sobre como os suprimentos devem ser entregues. Os caminhões estão carregados de farinha para mais de 150 mil pessoas e rações de comida para 35 mil pessoas por um mês, disse um porta-voz da ONU.