Por Andy Bruce
LONDRES (Reuters) - Velhas rusgas ressurgiram no Partido Conservador do Reino Unido neste sábado depois que o ex-primeiro-ministro Boris Johnson renunciou de maneira repentina a seu cargo no Parlamento, enquanto o Partido Trabalhista, da oposição, viu no fato uma oportunidade pensando nas eleições gerais do ano que vem.
Johnson renunciou na noite de sexta-feira em protesto contra uma investigação de membros do parlamento a respeito de sua conduta como primeiro-ministro durante o auge da pandemia de Covid-19, quando festas furando o lockdown foram realizadas em Downing Street.
Em sua declaração de demissão, Johnson criticou o inquérito que investigou se ele mentiu para a Câmara dos Comuns a respeito das reuniões, dizendo que não haviam encontrado "um pingo de evidência" contra ele. Ele também concentrou críticas ao atual primeiro-ministro Rishi Sunak.
Os conservadores, perdendo por muito nas pesquisas de opinião, agora devem disputar três eleições parciais para assentos constituintes deixados vagos na sexta-feira por Johnson e sua aliada Nadine Dorries, e neste sábado por Nigel Adams, ex-ministro do governo Johnson.
Os partidários de Johnson, alguns dos quais receberam honras políticas dele horas antes da renúncia, elogiaram sua trajetória política em postagens nas redes sociais. O resto ficou em silêncio.
"Parabéns, Rishi, por começar com essa bobagem!!", escreveu a parlamentar Andrea Jenkyns em um grupo de WhatsApp do Partido Conservador, de acordo com uma captura de tela compartilhada por um repórter da Sky News.
Jenkyns recebeu o título honorário de Dama na lista de honras de renúncia de Johnson publicada na sexta-feira, que muitos críticos ridicularizaram chamando o ato de troca clara de favores.
Seu mandato como primeiro-ministro teve fim no ano passado em parte pelo desapontamento dentro do próprio partido e em todo o Reino Unido por causa das festas que quebravam as regras de isolamento em Downing Street, a sede do poder e também residência oficial do chefe de governo.
Henry Hill, vice-editor do site Conservative Home, disse que a saída de Johnson significa que ele não é mais um "príncipe sobre as águas" no parlamento, ameaçando o controle de Sunak sobre o partido.
"Isso significa que qualquer problema causado por seus aliados é muito menos potente", disse Hill à rádio BBC.
Uma pesquisa da YouGov publicada neste sábado mostrou que 65% dos britânicos acham que Johnson mentiu ao Parlamento de forma deliberada, em comparação com 17% que acreditam que ele não agiu desta forma.
(Reportagem de Andy Bruce)