Por Diego Oré
CARACAS (Reuters) - Os supermercados venezuelanos estão sendo cada vez mais vitimados por saqueadores em função das filas imensas e da prolongada escassez de alimentos que despertam frustração na nação-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) às voltas com uma crise econômica.
É rotineiro compradores passarem horas nas filas para adquirir produtos básicos, como farinha de milho ou sabão em pó, transformando essas aglomerações em cenários de agressões e, com frequência cada vez maior, tentativas de saques a lojas.
A crise econômica abalou o índice de aprovação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e fez aumentar o nível da tensão no país.
Cinquenta e seis incidentes de saque e 76 tentativas de saque ocorreram na primeira metade de 2015, de acordo com a ONG local Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais, que baseou suas cifras em reportagens da imprensa e em testemunhos de observadores em todo o território.
No domingo, uma pequena multidão na cidade de San Cristóbal, no oeste da Venezuela, invadiu o supermercado estatal Bicentenário para pegar produtos após o fechamento, chegando a ferir os funcionários, segundo o gerente Edward Perez.
"Quando estávamos fechando, um grupo de 20 pessoas de repente começou a gritar insultos contra o governo e os trabalhadores", contou Perez em uma entrevista por telefone.
Vários saqueadores foram presos após a confusão, que Perez atribuiu a "setores de ultra-direita da oposição" que procuram semear a violência.
Na sexta-feira passada, um homem foi morto e 60 foram presos em Ciudad Guayana, no sul da Venezuela, após saques a lojas.
O governo não respondeu a um pedido de comentários sobre os
saques, mas Maduro classifica a carestia e o tumulto como um produto de uma "guerra econômica" liderada por seus opositores.