LONDRES (Reuters) - Milhões de pessoas enfrentam fome severa no Chifre da África, e a pior seca em mais de 40 anos pode se estender para uma quinta temporada consecutiva de falta de chuvas, alertaram a Organização das Nações Unidas (ONU) e agências humanitárias nesta terça-feira.
A estação chuvosa de março a maio parece ser a mais seca já registrada, devastando os meios de subsistência e aprofundando uma emergência humanitária na Etiópia, Somália e partes do Quênia, incluindo o risco de fome na Somália, disseram elas em um comunicado conjunto.
Existe o risco de que a estação chuvosa de outubro a dezembro também seja mais seca.
A seca juntou-se a um aumento global dos preços dos alimentos e dos combustíveis, impulsionado pela guerra na Ucrânia, para impactar milhões de pessoas em todo o continente.
Estima-se que 16,7 milhões de pessoas enfrentem atualmente insegurança alimentar aguda no leste da África e esse número pode aumentar para 20 milhões até setembro, disse o comunicado.
"A ameaça da fome paira no leste da África. Isso depois de quatro estações chuvosas fracassadas", disse Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial.
"Estamos particularmente preocupados com o fato de a situação piorar", afirmou ela em um briefing em Genebra.
As agências de ajuda estão tentando evitar a repetição de uma situação de fome de uma década atrás que matou centenas de milhares de pessoas.
"É necessária uma rápida intensificação das ações agora para salvar vidas e evitar a fome e a morte", disseram as Nações Unidas e agências no comunicado conjunto.
"No entanto, os apelos atuais para responder à seca continuam muito subfinanciados."
(Reportagem de Matthias Williams)