Por Andrea Hopkins
OTTAWA (Reuters) - Aaron Driver chamou a atenção das autoridades canadenses pela primeira vez no final de 2014, quando expressou apoio ao Estado Islâmico em redes sociais.
Em 2015, o convertido ao islamismo foi preso por se comunicar com militantes envolvidos em planos de ataques no Estado norte-americano do Texas e na Austrália. No começo deste ano, ele aceitou a ordem de um tribunal conhecida como fiança de paz que restringiu suas atividades na internet e por celular.
Ainda assim, foi preciso uma dica da Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês) para alertar as autoridades de inteligência do Canadá para o que a polícia diz ter sido um ataque iminente que Driver planejava contra uma grande cidade canadense.
Driver, de 24 anos, morreu depois de detonar um artefato explosivo no banco de trás de um táxi enquanto a polícia se aproximava e abria fogo, disse a Real Polícia Montada do Canadá (RCMP, na sigla em inglês) em Ottawa.
A RCMP disse que Driver, um de somente dois canadenses atualmente sujeitos a uma fiança de paz, não estava sob vigilância constante antes de a dica do FBI chegar na manhã de quarta-feira.
O vice-comissário da RCMP, Mike Cabana, disse que mesmo quando há evidência suficiente para uma fiança de paz relacionada a terrorismo emitida por uma corte, como no caso de Driver, essa ferramenta não serve para de fato evitar um ataque.
"Nossa capacidade de monitorar pessoas 24 horas por dia e 7 dias por semana simplesmente não existe. Não somos capazes disso", afirmou Cabana aos repórteres em uma coletiva de imprensa em Ottawa.
Phil Gurski, ex-analista do Serviço de Inteligência e Segurança do Canadá (CSIS, na sigla em inglês) e hoje um consultor de risco, disse que são necessários aproximadamente entre 20 e 40 policiais em equipes de vigilância múltiplas para monitorar um suspeito.
"Não é como nos filmes de Hollywood, em que é um carro seguindo um cara", disse Gurski. "Então você tem que começar a priorizar".
Com a morte de Driver, um morador do Canadá continua sujeito a uma fiança de paz federal relacionada a terrorismo, um tipo de ordem de restrição emitida por um juiz provincial. De acordo com a Promotoria Púbica do Canadá, há nove outras ordens deste tipo pendentes, nove já expiraram e três pedidos de fiança de paz foram retirados.