WASHINGTON (Reuters) - Donald Trump intensificou seus ataques contra o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, nesta terça-feira, um dia depois de o republicano mais graduado do Congresso dos Estados Unidos ter dito que não irá defender o candidato presidencial do partido nem fazer campanha com ele.
Enfrentando uma avalanche de críticas aos comentários sexualmente agressivos que vieram à tona na sexta-feira, Trump viu o apoio de alguns parlamentares minguar nos últimos dias, com o Partido Republicano dividido sobre seu candidato à Casa Branca a menos de um mês da eleição.
Em publicações que fez nas redes sociais no início desta terça-feira, Trump disparou contra Ryan e outros republicanos por lhe negarem seu apoio em meio à polêmica e no momento em que a maioria das pesquisas de opinião mostra a candidata democrata Hillary Clinton aumentando sua vantagem.
"Apesar de ter vencido o segundo debate de lavada (todas as pesquisas), é difícil se sair bem quando Paul Ryan e outros dão apoio zero!", escreveu Trump, que nunca ocupou um cargo público, no Twitter.
Ele se referia ao debate presidencial agressivo de domingo, no qual se considerou que ele teve um desempenho mais disciplinado do que no primeiro dos três debates dos candidatos antes da votação de 8 de novembro.
No Facebook, o empresário de Nova York culpou veículos de mídia por "tentarem burlar esta eleição" e apoiarem Hillary.
Sua campanha, marcada durante meses por controvérsias tanto a respeito de suas políticas quanto de seu estilo ríspido, mergulhou em uma crise profunda com a emergência, na sexta-feira, de um vídeo de 2005 que mostra o ex-apresentador de reality show se vangloriando despudoradamente sobre como apalpa mulheres e faz insinuações sexuais indesejadas.
Na segunda-feira, Ryan disse aos congressistas republicanos que irá dedicar toda sua energia à manutenção das maiorias do partido no Congresso para que Hillary não tenha um "cheque em branco", quase admitindo que a ex-secretária de Estado provavelmente irá vencer. Ele não chegou a retirar seu endosso ao magnata.
O gesto de Ryan revoltou Trump e seus apoiadores no Capitólio.
"Nosso líder muito fraco e ineficaz, Paul Ryan, teve uma teleconferência ruim na qual seus membros ficaram loucos com sua deslealdade", tuitou Trump nesta terça-feira.
Ao contrário de Ryan, o presidente do Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês), Reince Priebus, deixou claro aos membros da entidade na segunda-feira que o RNC, o braço da liderança e da arrecadação do partido, ainda apóia Trump, disseram dois de seus integrantes à Reuters.
(Por Doina Chiacu e Susan Heavey)