BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer (PMDB), disse nesta quinta-feira acreditar que a crise política será superada, assim como a crise econômica, mas manteve o tom de apelo ao Congresso e a partidos políticos para que evitem o agravamento da situação.
Em entrevista a jornalistas, Temer afirmou que o pedido público feito na quarta-feira para evitar uma crise política era um "alerta indispensável" e repetiu que é necessário harmonizar a base e ter preocupação com o país.
"Porque se nós começarmos a, digamos assim, dizer que não há crise de maneira nenhuma, etc, nós não ajudamos a superá-la", afirmou, após palestra sobre governabilidade e governança em faculdade de Brasília.
"A crise econômica, ela muitas vezes ocorre e é logo superada. Uma eventual crise política, etc, no Congresso, ela imediatamente é superada, como será superada ao longo do tempo", acrescentou Temer.
O governo já vinha enfrentando um período de baixa popularidade e problemas com parlamentares que compõe sua base.
Mas a situação se deteriorou com a retomada dos trabalhos do Congresso Nacional nesta semana após o recesso branco.
Integrantes de partidos que compõem a base governista, apesar de acordo acertado com Temer de evitar a votação de propostas que impactem nas contas públicas, a chamada "pauta bomba", contrariaram a posição governamental e aprovaram o texto-base de uma Proposta que vincula os subsídios de funcionários da Advocacia Geral da União (AGU) aos do Supremo Tribunal Federal (STF).
Soma-se a isso o anúncio de independência na Câmara de partidos antes da coalizão, como PDT e PTB, e ainda nova pesquisa sobre a avaliação do governo. Segundo o Datafolha, a impopularidade de Dilma é recorde entre todos os presidentes avaliados pelo instituto desde 1990 e dois terços da população acham que o Congresso deveria abrir um processo de impeachment.
Temer disse ter "absoluta convicção" de que a impopularidade será revertida e lembrou que "o povo brasileiro, muito recentemente, aplaudiu a presidente Dilma, elegendo-a para uma novo mandato".
O vice ponderou que a base de sustentação do governo é ampla e que o afastamento de um ou outro partido do rol de aliados é "próprio da democracia".
"Nós vamos continuar dialogando. Não vamos nos impressionar com o dia de ontem, com o dia de hoje", afirmou o vice-presidente, que durante sua fala a estudantes disse que o país vive uma "tranquilidade institucional".
Questionado sobre a necessidade de PDT e PTB devolverem o comando de ministérios e cargos que detém, o articulador do governo afirmou que isso deve ser examinado mais adiante e que é necessário manter "a maior coalizão possível". Temer disse que cabe à presidente Dilma decidir sobre uma eventual reforma ministerial.
(Por Maria Carolina Marcello)