Por Dominique Patton e Steve Holland
PEQUIM/NOVA YORK (Reuters) - O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, irá nomear o governador de Iowa, Terry Branstad, como o próximo embaixador dos EUA na China, disse um membro de sua equipe de transição nesta quarta-feira, escolhendo um amigo de longa data de Pequim depois de irritar o governo chinês ao conversar com a presidente de Taiwan.
A indicação de Branstad pode ajudar a amenizar as tensões entre os dois países, que são as duas maiores potências econômicas mundiais, disseram diplomatas e especialistas em comércio. A escolha também dá a entender que Trump pode estar disposto a adotar uma postura menos combativa em relação à China do que muitos esperavam, afirmaram especialistas.
O empresário nova-iorquino do setor imobiliário, que derrotou a democrata Hillary Clinton na eleição do mês passado, já disse que pretende declarar a China uma manipuladora do câmbio quando tomar posse, no dia 20 de janeiro, e ameaçou impor tarifas punitivas a bens chineses com destino aos EUA.
Na semana passada, o telefonema nada protocolar de Trump à líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, provocou um protesto diplomático de Pequim, que vê o território como uma província renegada, no sábado.
A equipe de transição do novo mandatário minimizou a conversa como uma ligação de cortesia, mas a Casa Branca teve que garantir aos chineses que sua visão a respeito de "uma China", que já dura décadas, continua intacta.
Um funcionário da equipe de Trump confirmou a escolha de Branstad, noticiada primeiramente pela Bloomberg.
Mais cedo em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Lu Kang classificou Branstad como um "velho amigo" da China quando indagado sobre um relato tratando da nomeação, embora tenha dito que Pequim irá trabalhar com qualquer embaixador norte-americano.
"Nós lhe damos as boas-vindas para desempenhar um papel maior no avanço do desenvolvimento das relações China-EUA", afirmou ele em um informe diário à imprensa.
Branstad chamou o presidente chinês, Xi Jinping, de "amigo de longa data" quando este visitou Iowa em fevereiro de 2012, só nove meses antes de se tornar o líder da nação asiática.
Xi visitou o Estado norte-americano em 1985, quando encabeçava uma delegação da província de Hebei que fazia uma viagem de pesquisa agrícola. Ele voltou 27 anos depois e se reencontrou com algumas das pessoas que havia conhecido.
A atitude de Trump no tocante à China entrou em foco especialmente desde o telefonema de sexta-feira a Tsai, o primeiro contato de alto nível de um presidente ou presidente eleito dos EUA com Taiwan desde que o então presidente Jimmy Carter adotou a política de "uma China" em 1979.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu, em Washington, e Kay Henderson, em Des Moines)