Por Humeyra Pamuk e Tulay Karadeniz
ISTAMBUL/ANCARA (Reuters) - A Turquia está pedindo a aliados, incluindo os Estados Unidos, para que participem de uma operação terrestre conjunta na Síria, uma vez que um governo apoiado por Moscou avança perto da fronteira turca, levantando a possibilidade de um confronto direto entre o membro da Otan e a Rússia.
Uma operação terrestre conjunta de grande escala é ainda improvável: Washington tem descartado uma grande ação. Contudo, o pedido mostra o quão rapidamente uma ofensiva nas últimas semanas apoiada pelos russos transformou um conflito que atrai a atenção de potências regionais e globais.
"Alguns países, como nós, Arábia Saudita e alguns outros países da Europa Ocidental afirmamos que uma operação terrestre é necessária", disse o ministro do Exterior turco, Mevlut Cavusoglu, à Reuters.
As forças do governo sírio realizaram novos avanços nesta terça-feira, assim como fez uma milícia curda, à custa dos rebeldes, cujas posições têm caído nas últimas semanas diante dos ataques apoiados pelos russos.
A ofensiva, reforçada por milícias xiitas apoiadas pelo Irã e por ações aéreas russas, colocou o Exército sírio a 25 km da fronteira turca, enquanto combatentes curdos, considerados pelos turcos insurgentes hostis, ampliaram a sua presença ao longo da fronteira.
Os avanços aumentaram o risco de uma confronto militar entre a Rússia e a Turquia. A artilharia turca retornou disparos para território sírio pelo quarto dia seguido nesta terça, disse o ministro da Defesa, tendo como alvo a milícia curda YPG que, segundo Ancara, recebe apoio de Moscou.
"Nós queremos uma operação terrestre. Se houver consenso, a Turquia vai participar. Sem uma operação terrestre é impossível parar essa guerra”, disse uma autoridade russa a jornalistas em Istambul.
"A Turquia não vai ter uma operação terrestre unilateral. Estamos discutindo com os nossos aliados.”
Na segunda-feira, a Turquia acusou a Rússia de um “crime de guerra óbvio” depois que ataques com mísseis no norte da Síria mataram várias pessoas. Os turcos alertaram a milícia YPG que ela enfrentaria a “mais dura reação” se tentasse tomar uma cidade perto da fronteira turca.
Nas últimas três semanas, o apoio aéreo russo para o governo sírio transformou o rumo do conflito que já dura cinco anos.