Por Rodrigo Viga Gaier
BELO HORIZONTE (Reuters) - A Alemanha está preocupada com o critério que vai ser adotado pela arbitragem na semifinal da Copa do Mundo contra o Brasil na terça-feira em Belo Horizonte e espera que a "luta campal" entre brasileiros e colombianos nas quartas de final não se repita no Mineirão.
O treinador alemão, Joachim Loew, abriu a coletiva desta segunda-feira lamentando a contusão do atacante Neymar na partida contra a Colômbia, que tirou o camisa 10 do Brasil do restante do Mundial.
Foi a primeira de uma série de citações diretas e indiretas à atuação da arbitragem da Copa do Mundo.
O mexicano Marco Rodríguez será o arbitro de Brasil e Alemanha na terça-feira no Mineirão. O árbitro esteve envolvido na polêmico jogo em que o uruguaio Luis Suárez mordeu o ombro do italiano Giorgio Chiellini na fase de grupos da Copa.
O uruguaio acabou sendo punido posteriormente pela Fifa com nove jogos de suspensão, multa de 100 mil francos suíços e foi obrigado a ficar longe de qualquer atividade ligada ao futebol por quatro meses.
Loew mostrou preocupação com a permissividade do árbitro espanhol Carlos Velasco, que apitou a vitória do Brasil sobre a Colômbia, numa indicação de que teme que as entradas duras se repitam nessa terça.
"Alguns árbitros da Copa foram muito bem, mas no último jogo (Brasil e Colômbia), acho que foi luta entre ambos os times. Não foi só uma falta contra o Neymar", avaliou o treinador alemão.
"Foram muitas faltas e nunca vimos tantas como nesse jogo. Foi alem do limite", adicionou o defensor alemão Jerome Boateng.
O elevado número de faltas e o tempo excessivo que a partida teve de ser paralisada para que fossem feitos atendimentos aos atletas também chamaram atenção do treinador alemão.
"Foram muitas pausas. Não acho que o jogo que para toda hora seja bom. As pessoas não gostam disso", declarou ele
Loew aproveitou para mandar um recado ao árbitro de Brasil e Alemanha, no Mineirão. "Espero que as faltas que foram por trás no jogo Brasil e Colômbia, carrinhos... não se repitam. Temos que proteger os jogadores. O árbitro tem de proteger atacantes, as faltas são muito agressivas", afirmou.
O técnico teme que se a violência não for coibida, o futebol corre o risco de perder aos poucos seus jogadores mais talentosos.
"Espero que o Rodríguez possa agir nessa sentido, porque essa energia física vai além dos limites", disse.
"Faltas brutais, acredito que temos que coibí-las, senão não vamos ter os Neymar, Messis e vão ser só jogadores para destruir."
O técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, também comentou a escolha de Rodríguez para apitar a partida, mas preferiu não polemizar ao ser questionado sobre o assunto.
"É um árbitro na sua terceira Copa do Mundo, tem experiência...deve ser uma escolha correta da Fifa para nosso jogo", limitou-se a dizer o treinador brasileiro.
FAVORITISMO
O time da Alemanha para enfrentar o Brasil não foi anunciado pelo treinador, que pretende conversar com seus jogadores antes de divulgar a escalação para a semifinal.
Mesmo com o adversário desfalcado do seu principal jogador e do capitão Thiago Silva, a Alemanha não pode ser considerada favorita contra o Brasil, na avaliação de Loew.
"Não, com certeza não somos favoritos. Não pode achar que sem Neymar e Thiago seja desvantagem para o Brasil", avaliou. "Muitos jogadores fortes estão fora e todos vão jogar pelo Neymar", finalizou.
(Reportagem adicional de Tatiana Ramil)