Por Gabriela Baczynska e John Chalmers
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia disse ao Reino Unido nesta sexta-feira que é hora de decidir que tipo de relacionamento futuro o país quer, e autoridades do bloco deram a entender que os negociadores podem fechar um acordo comercial pós-Brexit já no final de semana.
Faltando menos de quatro semanas para o Reino Unido finalmente sair da órbita da UE, no dia 31 de dezembro, as conversas travaram na noite de quinta-feira, o que levou Londres a sinalizar que as chances de um avanço estão diminuindo.
No final das contas, é o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, garoto-propaganda da campanha de desfiliação de 2016 que hoje luta com a maior taxa oficial de mortes de Covid-19 da Europa, quem terá que decidir se ele e o Reino Unido ficariam melhores fazendo concessões ou virando as costas.
Há semanas o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, e sua contraparte britânica, David Frost, vêm tentando encontrar um meio-termo quanto à pesca, a ajuda estatal e a maneira de resolver qualquer disputa futura.
Com as conversas chegando ao limite, uma autoridade da UE disse à Reuters que um acordo é "iminente", e outra insinuou que ele ainda demorará dias.
Uma das autoridades disse que os líderes do bloco podem ter uma reunião separada sobre o Brexit neste mês, mais provavelmente após uma cúpula já agendada para 10 e 11 de dezembro.
"A verdadeira pergunta é: qual projeto político, econômico e social eles querem para seu próprio futuro?", indagou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. "E esta é uma pergunta para o governo britânico e o povo britânico".
Barnier, que está em Londres para as conversas, disse que esta sexta-feira é um dia importante.
Enquanto investidores tentam entender se a retórica do dia é um sinal de um regateio final ou de problemas sérios, um medidor do quão volátil se espera que a libra esterlina fique na próxima semana atingiu seu maior nível desde março.
O Reino Unido saiu formalmente da UE em 31 de janeiro, mas desde então passa por um período de transição durante o qual as regras para comércio, viagens e negócios continuam inalteradas. A partir do final do ano, ele será tratado por Bruxelas como um terceiro país.
Se os dois lados não chegarem a um acordo, o processo de separação de cinco anos do Brexit terminará de forma caótica no momento em que a Europa lida com o custo econômico abrangente do surto de Covid-19.
(Por Guy Faulconbridge, Kate Holton e Elizabeth Piper em Londres, Dominique Vidalon em Paris e John Chalmers e Gabriela Baczynska em Bruxelas)