OSLO (Reuters) - Quase uma de cada sete crianças do mundo vive em áreas com níveis altos de poluição ambiental, a maioria no sul da Ásia, e seus corpos em desenvolvimento são os mais vulneráveis aos danos, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta segunda-feira.
O Unicef pediu a quase 200 governos, que irão se reunir no Marrocos entre 7 e 18 de novembro para discussões sobre o aquecimento global, que limitem o uso de combustíveis fósseis para que se obtenha o benefício duplo de uma saúde melhor e uma desaceleração na mudança climática.
Cerca de 300 milhões de crianças, ou quase uma de cada sete do planeta, moram em áreas onde a poluição ambiental é mais alta, definida pelo Unicef como ao menos seis vezes as diretrizes internacionais estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse o Unicef.
Do total, 220 milhões vivem no sul asiático. A agência identificou as regiões com imagens de satélite desenvolvidas pela Agência Nacional Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês).
O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, disse que a poluição atmosférica é "um dos fatores que mais contribuem para as mortes de cerca de 600 mil crianças de menos de cinco anos de idade todo ano" provocando doenças como a pneumonia.
"Os poluentes não prejudicam só os pulmões em desenvolvimento das crianças – eles podem inclusive cruzar a barreira hematoencefálica e danificar permanentemente seus cérebros em desenvolvimento – e, assim, seus futuros", afirmou em comunicado.
"A poluição atmosférica afeta mais as crianças pobres", disse à Reuters Nicholas Rees, especialista em clima e análise econômica do Unicef que escreveu o relatório.
No mundo inteiro, a OMS estima que a poluição ambiental matou 3,7 milhões de pessoas em 2012, entre elas 127 mil crianças de menos de cinco anos. Fábricas, usinas de energia e veículos que usam combustíveis fósseis, poeira e a queima de resíduos estão entre as fontes.
A poluição em ambientes fechados, muitas vezes causada por fornos que queimam carvão ou madeira usados em residências em nações em desenvolvimento, matou ainda mais: 4,3 milhões de pessoas, das quais 531 mil eram crianças de menos de cinco anos, disse a entidade.
O Unicef fez um apelo à reunião liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Marrocos para que acelere a troca de combustíveis fósseis por energias mais limpas, como solar ou eólica, para melhorar o acesso das crianças aos cuidados de saúde, reduzir sua exposição à poluição e intensificar o monitoramento do ar.
(Por Alister Doyle)