Uruguai considera ex-presos de Guantánamo "homens totalmente livres"

Publicado 08.12.2014, 19:28
Atualizado 08.12.2014, 19:30
Uruguai considera ex-presos de Guantánamo "homens totalmente livres"

MONTEVIDÉU (Reuters) - Seis ex-prisioneiros de Guantánamo refugiados no Uruguai são considerados "homens totalmente livres" pelo governo do país, para o qual eles não representam nenhuma ameaça, de modo que não terão limitações se decidirem deixar o país, disse o ministro da Defesa, Eleuterio Fernández Huidobro.

No domingo, chegaram ao Uruguai quatro sírios, um palestino e um tunisiano que passaram mais de uma década na prisão norte-americana em Guantánamo sob suspeita de ligações com terroristas, na primeira e maior operação de transferência para um país da região.

"Eles são homens totalmente livres", disse Fernández Huidobro em entrevista por telefone à Reuters. "Não têm qualquer limitação de qualquer tipo, o Uruguai não estabeleceu quaisquer condições de que deverão permanecer (no país)", acrescentou.

"Agora, não sou um advogado, pode ser que digam que não podem, mas não é uma condição que o Uruguai tenha imposto ou aceitado", disse.

O presidente uruguaio, José Mujica, havia se comprometido em março com seu homólogo norte-americano, Barack Obama, a dar asilo aos prisioneiros para contribuir com o fechamento da prisão em Cuba, uma promessa que não foi capaz de cumprir até agora.

"O dia em que chegaram, fizeram a burocracia imigratória, de identidade, pedido de asilo político, passaram a ser seres legais, a ter existência legal", disse Fernández Huidobro, que destacou que os homens não são considerados um problema para a segurança pública.

"O dispositivo (de segurança) que existe é o que protege a sua intimidade, mas não porque representem uma ameaça", disse o ministro.

Os seis homens estarão até terça-feira em um centro de saúde, onde são realizados desde domingo exames médicos e logo serão acomodados juntos em Montevidéu, a capital, até que possam se reencontrar com suas famílias, que já foram contatadas.

"Eles vão conviver, simplesmente não queremos que andem escoltados por policiais, porém mais ou menos como pessoas comuns, do sexo masculino, que alguém lhes ensine a beber mate", disse Fernández Huidobro, referindo-se ao hábito cultural dos uruguaios.

Alka Pradhan, uma das advogadas do ex-prisioneiro sírio Jihad Diyab, que fez uma greve de fome e foi alimentado à força na prisão, disse que ele e os outros planejam permanecer no país.

"Eles não têm nenhuma intenção de ir embora, eles estão planejando ficar", disse ela, lembrando que muitos dos seus países são instáveis.

(Reportagem de Malena Castaldi)

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