Por Kay Johnson e Asif Shahzad
ISLAMABAD (Reuters) - A vencedora do Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai irrompeu em lágrimas ao voltar ao Paquistão nesta quinta-feira, seis anos depois de ser baleada na cabeça por atiradores do Taliban por defender maior acesso à educação para meninas.
Malala, que viajou com o pai e irmão caçula, se encontrou com o primeiro-ministro paquistanês, Shahid Khaqan Abbasi, na capital Islamabad antes de fazer um breve discurso televisionado.
Essa foi a primeira visita de Malala à sua terra natal desde que foi agredida no final de 2012 e levada de avião ao exterior para receber tratamento médico.
"Pelos últimos cinco anos, eu sonhei em colocar os pés em meu país", disse, enxugando as lágrimas.
"Este é o dia mais feliz da minha vida. Ainda não consigo acreditar que está acontecendo", acrescentou Malala, usando uma vestimenta tradicional conhecida como shalwar khameez e com a cabeça coberta por um véu azul e vermelho.
Ela disse que, se dependesse dela, jamais teria deixado o Paquistão.
"Normalmente eu não choro... tenho apenas 20 anos, mas vi muitas coisas na vida".
Em 2014, aos 17 anos de idade, Malala se tornou a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz por sua defesa da educação. Ela também se tornou um símbolo global da resistência das mulheres diante da repressão.
Malala falou sobre a importância da educação e dos esforços de sua instituição de caridade para ajudar meninas, alternando com frequência entre inglês, pashto e urdu.
"Bem-vinda ao lar", disse o premiê Abbasi a Malala.
"Estamos muito felizes que nossa filha tenha voltado. Quando ela partiu, era uma criança de 12 anos. Ela voltou como a cidadã mais proeminente do Paquistão".
Mas, é improvável que Malala visite a região de sua casa em Swat, no noroeste montanhoso de Islamabad, devido a ameaças contra sua segurança, disseram à Reuters um familiar e fontes de segurança.
"Tem sido um desejo de longa data de Malala Yousafzai e de seus pais visitar Swat e ver seus parentes e amigos. Mas, ela não recebeu autorização devido a preocupações de segurança", disse um familiar que não quis se identificar.
(Reportagem adicional de Jibran Ahmad)