CARACAS (Reuters) - O poderoso líder do Parlamento da Venezuela, Diosdado Cabello, conseguiu que a Justiça proíba alguns diretores de veículos de comunicação de deixar o país, depois de terem reproduzido uma reportagem de um jornal espanhol que o acusou de coordenar um esquema de tráfico de drogas.
A imprensa local disse que o tribunal que julga o caso havia concedido o pedido contra 22 membros da mídia, que estão sendo processados por Cabello por calúnia.
Cabello entrou com a ação contra os jornais de oposição El Nacional e Tal Cual e o website La Patilla por reproduzirem um artigo do jornal espanhol ABC alegando que seu ex-chefe de segurança havia fugido para os Estados Unidos com provas de que o segundo homem mais importante do Partido Socialista venezuelano controlava um cartel de drogas operado por militares.
Líderes da oposição e representantes dos Estados Unidos têm, há anos, feito acusações de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas contra os governos do presidente Nicolás Maduro e de seu antecessor, Hugo Chávez.
Já representantes do governo local refutam as acusações, dizendo que são parte de uma ampla campanha liderada pelos EUA para encerrar o socialismo no país exportador de petróleo.
"Eles me acusaram de ser um traficante de drogas sem nenhuma prova", disse Cabello, um ex-soldado, em seu programa de TV na quarta-feira. "Eu pedi, como uma vítima... para que eles sejam proibidos de deixar o país", acrescentou, dizendo também que pretendia impedi-los de vender ativos.
Um juiz venezuelano impôs as proibições de viagem no início do mês como medida cautelar, de acordo com jornalistas, um advogado e o sindicato nacional dos profissionais da imprensa.
(Reportagem de Alexandra Ulmer)