Por Maria Tsvetkova e Jack Stubbs
MOSCOU (Reuters) - Os Estados Unidos podem incluir trabalhadores locais russos entre os 775 funcionários diplomáticos que precisam cortar na Rússia, disse o porta-voz do Kremlin nesta segunda-feira, amenizando o impacto de um ultimato dado pelo presidente russo, Vladimir Putin.
O esclarecimento do Kremlin significa que não haverá necessariamente uma expulsão em massa de diplomatas dos EUA como parte da retaliação de Moscou às novas sanções que Washington deve impor à Rússia.
A grande maioria dos cerca de 1.200 funcionários dos EUA na embaixada e em consulados na Rússia são cidadãos russos. Reduzir seu número afetará operações nestas instalações, mas essa medida não têm o mesmo peso diplomático de expulsar diplomatas norte-americanos do país.
Mesmo assim, cortar o funcionalismo da embaixada e dos consulados dos EUA em 65 por cento representa o protesto diplomático mais forte entre os dois países desde a Guerra Fria.
Falando sobre que tipo de funcionários diplomáticos terão que partir, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres em uma teleconferência: "Isso é escolha dos Estados Unidos".
"(Seus) diplomatas e pessoal técnico. Quer dizer, não estamos falando puramente sobre diplomatas --obviamente não existe este número de diplomatas--, mas de pessoas sem status diplomático, e pessoas contratadas localmente, e cidadãos russos que trabalham lá", disse.
Até 2013, a missão dos EUA na Rússia, incluindo a embaixada de Moscou e consulados em São Petersburgo, Ecaterimburgo e Vladivostok, empregava 1.279 funcionários, de acordo com um relatório do Departamento de Estado dos EUA daquele ano.
A cifra incluía 934 "empregados localmente" e 301 "diretamente contratados" pelos EUA.
Obrigar Washington a reduzir sua presença diplomática reforça a reputação de Putin em casa como a de um defensor resoluto dos interesses da Rússia e melhora sua imagem antes da eleição presidencial do ano que vem, na qual se acredita que irá buscar mais um mandato.
Mas as consequências da retaliação russa não são graves a ponto de isolarem permanentemente o presidente norte-americano, Donald Trump, de acordo com Alexander Baunov, pesquisador-sênior do centro de estudos Moscow Carnegie Center.
As medidas russas foram anunciadas depois que a Câmara dos Deputados e o Senado dos EUA aprovaram por ampla maioria as novas sanções contra a Rússia. Na sexta-feira, a Casa Branca disse que Trump assinará o projeto de lei das sanções.
(Reportagem adicional de Polina Devitt e Dmitry Madorsky, em Moscou, e Yeganeh Torbati, em Washington)