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Publicado 12.01.2018, 09:11
Atualizado 10.01.2024, 08:22
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O Brasil desceu mais um degrau na classificação da agência Standard & Poor's (S&P) sobre o risco de calote da dívida, evidenciando a fragilidade das contas públicas. Depois de ter retirado do país o selo de bom pagador, em setembro de 2015, a S&P decidiu ontem rebaixar a nota de crédito soberano de BB (SA:BBAS3) para BB-, mudando a perspectiva de negativa para estável, em meio ao atraso no avanço das reformas e das incertezas com as eleições.

Com isso, o rating brasileiro ficou três degraus abaixo do chamado grau de investimento e voltou à avaliação da S&P em 2004, indicando que vai levar um tempo para o Brasil resgatar a credibilidade internacional sobre a solidez de suas finanças. Há quem diga, então, que o governo Temer irá capitalizar essa notícia junto ao Congresso visando aprovar logo as novas regras para a aposentadoria, mas é cedo para dizer que a notícia não enfraquece ainda mais as relações junto à base aliada.

Diante disso, espera-se alguma correção nos mercados domésticos nesta sexta-feira, apesar do sinal positivo que prevalece nos mercados internacionais nesta manhã, após os números robustos da balança comercial chinesa. Isso porque os investidores aproveitaram justamente a demora da S&P para atualizar a avaliação do rating brasileiro para comprar ativos locais, elevando a exposição ao risco sob a hipótese de que a revisão da nota só sairia em fevereiro, esperando a votação da reforma da Previdência.

A reação dos negócios pode até não ser abrupta, com os investidores argumentando que o rebaixamento da S&P pode impulsionar o capital político do governo e acelerar a votação de medidas do ajuste fiscal que tenham impacto. No entanto, esse cenário relega as dificuldades já existentes do governo em aglutinar o apoio dos aliados, com o presidente Michel Temer perdendo força após as denúncias de corrupção contra ele.

A leitura mais provável é de que o ano de 2018 tende, a partir de agora, a arrastar-se envolta do front político, o que deve afastar o apetite do investidor estrangeiro nos mercados domésticos ao menos até outubro. Afinal, o recado da S&P foi claro: há uma falta de apoio substancial na classe política para fortalecer medidas fiscais rápidas o que, juntamente com as incertezas para as eleições presidenciais, refletem uma eficácia fraca na resolução da trajetória da dívida do país.

Por isso, é arriscado dizer que a Bovespa tende a absorver com facilidade os riscos do cenário doméstico neste ano, assim como afirmar que a pressão no dólar pode ser limitada. Muito da reação doméstica vai depender do comportamento dos mercados no exterior, onde o rali de ano novo mostrou ontem que ainda está em vigor, com as bolsas mostrando poucos sinais de perda de tração.

Lá fora, os investidores já se preparam para o início da temporada de balanços nos Estados Unidos, que pode renovar o fôlego de alta dos ativos de risco após o forte início de 2018. À espera dos resultados financeiros de JPMorgan, BlackRock e Wells Fargo no quarto trimestre de 2017 e no acumulado do ano passado hoje, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no campo positivo, ao passo que o dólar segue mais fraco. É bom lembrar que é feriado nos Estados Unidos na próxima segunda-feira (Dia de Martin Luther King Jr.), o que manterá Wall Street fechada.

A agenda econômica desta sexta-feira ganha maior relevância no exterior. O destaque por lá fica com o índice de preços ao consumidor (CPI) norte-americano em dezembro (11h30). Os dados devem confirmar o cenário de inflação baixa nos EUA, o que tende a manter o plano de voo do Federal Reserve em relação ao ciclo de alta dos juros no país.

Por ora, o Fed tem se mostrando aberto a dois cenários extremamente opostos. No caso de a inflação seguir persistentemente abaixo da meta, a taxa de juros nos EUA pode subir menos que o previsto. Já na segunda hipótese, se os estímulos fiscais lançados pelo governo Trump aquecerem demais a economia norte-americana, o ritmo de alta será mais intenso.

Também às 11h30 sai o resultado das vendas no varejo dos EUA durante o mês do Natal. Depois, às 13h, é a vez dos estoques das empresas em novembro. Na virada de ontem para hoje, a China informou que as exportações chinesas cresceram pelo décimo mês consecutivo, em +10,9% em dezembro, em termos dolarizados, desacelerando o ritmo em relação ao crescimento de 12,3% em novembro, mas ficando acima da previsão de 9,5%.

As importações chinesas, por sua vez, aumentaram 4,5% no mês passado, em base anual, após saltarem 17,7% no mês anterior. A expectativa, no entanto, era de alta bem maior, de 4,5%. Com isso, o superávit comercial da China somou US$ 54,69 bilhões em dezembro, evidenciando que a demanda externa por bens da segunda maior economia do mundo manteve-se robusta.

No Brasil, o calendário do dia traz apenas o desempenho do setor de serviços em novembro (9h), que - juntamente com os números já divulgados da indústria e do comércio no período - devem dar pistas sobre o ritmo da atividade econômica no país no quarto trimestre de 2017.

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