O mercado financeiro brasileiro parece já ter embutido nos preços dos ativos de risco um resultado favorável para as eleições presidenciais no fim deste mês. Para os investidores, uma vitória de Jair Bolsonaro significa maior probabilidade de o próximo governo buscar uma agenda fiscal e de reformas, principalmente a da Previdência, a partir de 2019.
Mas os riscos para esse cenário são tendenciosos para o lado otimista, com o mercado apostando na capacidade de Bolsonaro e na credibilidade de seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Seja como for, o mercado vai manter essa onda positiva até a vitória nas urnas e enquanto o exterior deixar. Depois é que vai olhar plano de governo.
Lá fora, o otimismo em torno da temporada de balanços nos Estados Unidos também prevalece, com os mercados internacionais se restabelecendo após a forte onda vendedora (sell-off) da semana passada, confiantes em resultados robustos das empresas. A safra está apenas no início, mas os números melhores que o esperado servem de distração ante um quadro global de risco.
Assim como no Brasil, onde os investidores estão deixando para depois as propostas de um governo Bolsonaro; no exterior, os players ignoram as tensões europeias no Reino Unido e na Itália, a disputa comercial entre EUA e China, a questão geopolítica com a Arábia Saudita. Para eles, esse sentimento só irá sofrer um revés se o Federal Reserve confirmar-se como a “grande ameaça” ao rali global.
O Banco Central dos EUA publica hoje, às 15h, a ata da reunião de setembro, quando a taxa de juros norte-americana subiu pela terceira vez neste ano. No encontro do mês passado, o Fed endossou a perspectiva de mais um aumento neste ano, em dezembro, e, na entrevista coletiva, o presidente Jerome Powell acendeu a discussão sobre a taxa de juros neutra - aquela que não estimula nem desacelera a economia real.
A ver, então, se o documento traz alguma novidade em relação ao tema. Também é importante monitorar o comportamento dos títulos soberanos dos EUA (Treasuries), após o juro projetado pelo papel de 10 anos (T-note) estabilizar-se abaixo de 3,20%, depois de ter alcançado o maior nível desde 2011, diante da crescente incerteza sobre as decisões do Fed no ano que vem.
Antes, a agenda norte-americana traz dados sobre o setor imobiliário em setembro (9h30) e sobre os estoques semanais de petróleo (11h30). À espera desses eventos, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água, mostrando fôlego encurtado para esticar o rali e renovar seus recordes, após os ganhos firmes de ontem.
Na Europa, as principais bolsas também amanheceram com um desempenho misto, após uma sessão de alta na Ásia, na esteira do avanço na véspera em Wall Street. Entre as moedas, o dólar mede forças em relação aos rivais, o que abre espaço para uma recuperação do petróleo, que é cotado no maior nível em uma semana, com sinais de queda nos estoques dos EUA.
Ainda na agenda econômica do dia, destaque para o índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central (IBC-Br) em agosto, às 8h30. O indicador tende a reforçar o ritmo lento e gradual de recuperação da economia, com alta de 0,20% em relação a julho, no terceiro avanço seguido em base mensal. Na comparação com um ano antes, a alta deve ser de 2,00%.
Antes, às 8h, sai o primeiro Índice Geral de Preços (IGP) de outubro, o IGP-10, além dos dados regionais sobre a inflação ao consumidor (IPC-S) em meados deste mês. Depois, o BC volta à cena para informar os dados parciais sobre a entrada e saída de dólares no Brasil, às 12h30.