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Novo Governo Ainda Não É Governo e Congresso Atual Não Será o Novo. Então?

Publicado 13.11.2018, 10:00
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Ontem, pelo que se leu e ouviu, o Presidente eleito Bolsonaro admitiu que a Reforma da Previdência, passo inicial, mas não único, para viabilização concreta das perspectivas de equacionamento da relevante crise fiscal com que se defronta o país, ficará para o ano que vem.

Não há clima no atual Congresso que com grande número de integrantes em tom de despedida pela não reeleição e, ao que parece, tem uma postura de enfrentamento com o novo Presidente, se dando uma importância que já não tem mais na sua plenitude.

Então, o novo governo começará a “governar” a partir da sua efetiva posse, sem poder contar com ações pró-ativas ainda no governo atual, e isto provoca a postergação de implementações, como a reforma previdenciária, que retardam as diretrizes que devem fomentar o foco corretivo da crise fiscal, e, para o mercado financeiro deve provocar certo hiato temporal entre o otimismo presente e suas efetivas consequências positivas resultantes.

Entendemos que o “ajuste final” do preço da moeda americana no nosso mercado, descontando-o do agregado prêmio de risco que esta indefinição em torno da crise fiscal embute na sua composição, fica postergado e se tornará viável a partir da aprovação das reformas, com ênfase à reforma da previdência.

Como já salientamos em abordagem anterior deste tema, há o risco dos ruídos em torno das discussões da reforma da previdência, em especial, possa motivar os especuladores ainda com posições compradas no mercado de dólar futuro a tentarem reativar o movimento especulativo, mesmo que de forma branda.

É preciso atentar para o fato do índice da moeda americana estar em expressiva alta em decorrência da expectativa reinante de alta de juro pelo FED em dezembro e logo no início do ano de 2019, o que pode “ajudar” as intenções dos especuladores. Hoje na abertura indicava 97,44.

Esta expectativa poderá provocar a rolagem ofertada pelo BC dos contratos de swaps cambiais na parcela que não está atrelada a passivos dolarizados, ou seja, não hedge, não viabilizando a possibilidade que vem sendo abordada da autoridade monetária diminuir a oferta de rolagem.

Da mesma forma, a postergação poderá ter impacto sobre o comportamento da B3 para a qual as projeções estavam altamente otimistas, mas a não equalização da problemática da crise fiscal poderá reduzir o ímpeto dos investidores nacionais e estrangeiros.

Afinal, da superação ou alinhamento para superação da crise fiscal depende a retomada da dinâmica da atividade econômica, recuperação do emprego, renda, consumo e melhora da arrecadação por parte do governo. Se a economia continuar inerte naturalmente as expectativas em torno do mercado acionário se fragilizam e perdem ímpeto.

Além disto, a perspectiva de elevação do juro americano exerce forte atrativo aos capitais do mercado global, da mesma forma a economia americana em alta performance também atrai investidores globais em ações, e há a percepção de que a liquidez do mercado global está cadente e seletiva e que o apetite por risco dos emergentes, como já salientou o BC na mais recente reunião do Copom, é cadente.

Por isto, temos posto continuadamente que o preço da moeda americana tende a ficar no intervalo R$ 3,70-R$ 3,80 enquanto não houver alinhamento das reservas, salvo algum intento especulativo de difícil sustentabilidade, visto que o país tem excelente situação das contas externas, reservas e o mais importante, mecanismos de geração de liquidez nos segmentos diversos do mercado de câmbio.

Da mesma forma, não acreditamos em impulsão do índice da B3 enquanto perdurar este quadro, podendo haver um ou outro destaque positivo ou até mesmo negativo de algumas ações, mas simplesmente pontual.

No mais, o mercado sinaliza que tem recebido de forma bastante positiva os nomes dos integrantes do novo governo, restando a dúvida em torno da permanência do atual Presidente do BC, que seria bastante receptiva, e de Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional, após ter havido a confirmação de Joaquim Levy, para o BNDES.

Enfim, tempo de transição sugere muita observação, e isto é inquietante mas não deve afetar o otimismo, e no caso atual, somente postergar um pouco a consolidação das expectativas.

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