Pelo título já dá para entender que sim, o resultado da Cielo (SA:CIEL3) foi ruim. Mas não foi ruim, por que já esperávamos mais uma vez queda no Lucro ou no Ebitda. De fato, houve queda no Lucro Líquido Ajustado que ficou em R$ 548,5 milhões no primeiro trimestre de 2019, queda de 40,4% em relação ao primeiro trimestre de 2018, com queda de 11% no lucro por ação (LPA). Além disso, o Ebitda encerrou em R$ 820,7 milhões, baixa de 34% ante mesmo período do ano passado, e a Margem Ebitda teve queda de 15%. Abaixo um quadro para ilustrar melhor:
Entretanto, o que mais surpreendeu foi o aumento nas despesas de 22,4% ante o primeiro trimestre de 2018, segundo a companhia, em virtude dos investimentos em campanhas de marketing e da contratação de colaboradores para reforçar o time comercial.
Voltando no tempo….
Cielo entrou num limbo lá para meados de 2016, quando a concorrência começou a pisar com força nesse segmento de maquininhas de pagamentos. Foi em 2017, quando a UBS recomendou venda para surpresa do mercado. Já naquela época, começava a perder Market Share para a PagSeguro (NYSE:PAGS) com a “moderninha” (do Mercado Livre), uma adquirente não tradicional na época. Desde lá a coisa só vem piorando, mesmo com a Cielo comprando a Stelo em 2018 para focar em microempresas, a concorrência não parou. A Stone veio com força, e em outubro de 2018 realizou seu IPO na Nasdaq, o que acabou pressionando ainda mais o segmento e consequentemente a Cielo.
Depois veio a Linx (SA:LINX3), com a Linx Pay, também querendo um espaço neste segmento. Além disso, existem a Rede e a Getnet (do Santander (SA:SANB11)), que também atuam no mesmo segmento da Cielo. Isso sem falar em outros players que atuam de forma correlata ao setor como o PicPay. Ou seja, o setor explodiu de gente querendo também uma fatia desse mercado. A concorrência entrou em um novo modo, que chamamos hoje de “Guerra das Maquininhas”.
Quem vencerá essa guerra?
Mas todos sabemos que no fim do dia deverá ter um vencedor e quem será? Muitos players não entenderam, mas o negócio de credenciamento virou uma commodity e muitos ainda insistem em querer competir com base no preço. Todavia, alguns já começaram a entender que para começar a ganhar algumas batalhas, é necessário olhar para a necessidade do comerciante ou lojista, criar soluções, tentar facilitar a vida do mesmo. Não à toa, vimos essa manchete a poucos dias atrás:
Bastou a rede fazer para outros virem atrás:
E não para por aí:
Tudo isso tem (e vai continuar) beneficiado os lojistas e comerciantes. O segmento tem muito o que melhorar, ainda mais quando falamos sobre software e oferta de serviços. Se a Cielo não conseguir se adaptar rapidamente, vai continuar apresentando resultados cada vez piores (my opinion).
Veja o caso das Aquisições de Recebíveis Líquida (ARV), que foram vedetes em resultados passados. Pois bem, esses tiveram queda de 34,8% em relação ao mesmo período de 2018. ARV’s são uma forma de antecipar o dinheiro para o lojista, no caso de negócios que parcelam em 3x (90 dias), a antecipação permite que o lojista utilize os recursos de maneira imediata, sem necessário esperar o vencimento da data para receber. O fato dela ter caído, quer dizer que menos lojistas ou comerciantes anteciparam seus recebíveis e por isso a receita foi menor neste indicador para a Cielo.
O Volume Financeiro se manteve estável o que mostra que a companhia não vem conseguindo crescer de forma sustentável e de maneira recorrente o seu Volume Financeiro. Claramente impactado pelo aumento da concorrência.
No mais, Cielo anunciou uns dividendos bem bons, but who cares??
MEU OUTLOOK PARA A COMPANHIA
Segundo o Guidance divulgado pela companhia para 2019, esse ano deve continuar sendo um ano desafiador, com quedas nos Lucros e perdas de Market share. Projeta-se de Lucro Líquido, entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,6 bilhões para 2019, uma queda de 30% ante 2018, se considerarmos a faixa mínima. Esse Guidance sofre risco, uma vez que a concorrência segue mais firme e forte do que nunca!
Por mais que ela ainda seja líder no setor, a companhia vem perdendo Market share, encolhendo sua lucratividade e o ROE, sofrendo com uma concorrência que só tende a aumentar e uma guerra de preços que pode perdurar por um bom tempo. Vide o momento desafiador, Cielo se encontra negociando a esses múltiplos:
O que considero nada atraente, uma vez que ela se encontra em um momento delicado. Entretanto, se cair para R$ 5 ou R$ 6, a coisa parece mais interessante:
Mesmo assim, prefiro seguir de fora, tentando entender até aonde vai essa “Guerra de Preços” e o como isso pode impactar cada companhia.