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Retrospectiva 2019: o Ano Que Não Acaba Quando Termina

Publicado 30.12.2019, 11:03
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A esta altura, os principais canais de notícias já estão divulgando as retrospectivas de 2019 e, para valer a sua atenção (como sempre), farei uma leitura objetiva dos eventos que transformaram a vida do investidor este ano e devem continuar presentes em 2020.

O ano começou a ser definido logo no primeiro dia de janeiro com a posse do presidente Jair Bolsonaro. O que torna este evento tão importante não são suas formalidades, mas o marco do início do novo modelo econômico liberal, muito bem recebido pela indústria e pelo mercado financeiro. A razão para isso era o entendimento de que o governo passaria a privatizar as estatais e atuar de maneira descentralizada, focando na gestão pública e promovendo a concorrência. Da teoria para a prática, o que de fato aconteceu até aqui foi a descentralização das estatais, que passaram a buscar maior eficiência e sustentabilidade própria, enquanto o BNDES e a Petrobras (SA:PETR4), por exemplo, se desfazem dos ativos que podem.

Em paralelo, tivemos a taxa Selic continuando sua curva de queda até chegar na nova mínima histórica de 4,5% ao ano neste mês de dezembro. Para ter uma ideia da mudança, em julho de 2016 ela estava em 14,25% ao ano. A queda da taxa de juros, por sinal, é vista como um movimento mundial motivado pela desaceleração econômica e favorece a oferta de crédito e a redução das dívidas como um todo. É também a peça-chave das mudanças para o investidor brasileiro, afetando diretamente a rentabilidade dos investimentos de renda fixa e levando-o a ter que buscar a renda variável como meio de equilíbrio para manter os rendimentos próximo do que era antes. Vale dizer que a inflação abaixo da meta também tem sua participação na construção deste cenário, que se torna a nova realidade do investidor brasileiro a partir de agora.

Mas não há como falar de 2019 sem destacar a Reforma da Previdência. O projeto é, sem dúvidas, a grande realização do atual governo no ano e também o pilar para as mudanças que virão. A mensagem que este evento transmite para o investidor institucional e internacional é de que o país está arrumando as suas contas e terá condições de honrar as suas dívidas futuras. Mas muita coisa ainda precisa acontecer para recuperarmos o cenário de pré-crise, como as reformas tributária e administrativa, que devem dominar o debate público em 2020.

Tudo isso contribuiu para que a bolsa renovasse máximas históricas, refletindo o otimismo do mercado com a recuperação da economia brasileira. O Ibovespa subiu acima de 30% no ano, rompendo a tão esperada região dos 100 mil pontos e agora já flerta com os 120 mil. Na atual conjuntura econômica, os investimentos em renda variável devem ficar em alta em 2020, principalmente pelo baixo retorno da renda fixa e o otimismo sobre o aquecimento econômico.

Mas nem tudo foi motivo de comemoração em 2019. Além de muitas caneladas do governo, tiveram idas e vindas sobre a recriação da CPMF, críticas sobre o preço dos combustíveis, da carne e até das passagens aéreas, com o dólar disparando, e no noticiário corporativo, destaque para a mineradora Vale (SA:VALE3) que foi protagonista da tragédia em Brumadinho, na qual mais de 250 pessoas morreram.

Diante disso, além do impacto negativo no caixa da companhia em cerca de R$ 19 bilhões previstos para a recuperação da área atingida e para a indenização das famílias das vítimas, o tema “meio ambiente” ganhou força no noticiário e vem transformando o mercado de investimentos, com investidores exigindo cada vez mais posturas mais sustentáveis das empresas.

E por fim, mas não menos importante, a guerra comercial entre China e EUA também não podia passar batida. Grande responsável pelas incertezas sobre o crescimento da economia global, a disputa foi protagonista do noticiário durante quase todo o ano e só foi amenizada nos últimos dias de 2019 com a divulgação do primeiro acordo “parcial” entre as duas maiores economias do mundo. Algo que deve destravar progressivamente os investimentos no cenário internacional.

Portanto, o calendário pode nos dizer que 2019 está acabando, mas a herança que ele nos deixará não termina junto. Precisamos seguir acompanhando a evolução dos indicadores, diversificando os investimentos e torcendo por um ambiente político unificado para fazermos de 2020 um ano ainda melhor.

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