No meio do caminho tinha uma pedra?
Bons ventos nos trouxeram aos 85 mil pontos no Ibovespa.
Estamos no meio do caminho. Quase exatamente no meio do caminho.
Subimos +35 por cento das mínimas. Caímos -28 por cento das máximas.
São 22 mil pontos desde a mínima de 63 mil em março.
São 35 mil pontos para retornar para as máximas de 120 mil pontos de janeiro de 2020.
O que fazer?
Risco político, econômico, externo e crise
Como sempre, os riscos são muitos.
O que os leigos em bolsa não entendem é que os riscos são menores quando a bolsa cai.
Quanto mais baratas as ações, menores os riscos.
Ao mesmo tempo, quanto mais caras as ações, maiores os riscos.
E a bolsa só cai -50 por cento, como vimos em março, quando o mercado entra em pânico. O pânico surge com um problema nunca visto, como um choque, como uma crise de grandes proporções.
Já tivemos a crise.
A pandemia do coronavírus veio dos confins da Ásia e nos confinou em nossos lares por mais de dois meses.
Estamos preparados para outra. Desta vez, pode ser política.
Brasília está em chamas.
Teremos, novamente, pânico no mercado? Teremos novas quedas?
Prevendo o futuro e perdendo dinheiro
Parece fácil.
Lemos o que acontece nos jornais. Refletimos. Definimos um futuro provável. Ajustamos nossos investimentos para refletir este futuro.
Mas isso é a coisa mais difícil do mundo.
Acabamos de ver inúmeros "analistas" e cartomantes, leigos, sendo surpreendidos pela força do mercado.
Perderam dinheiro nas quedas. Perderam dinheiro, novamente, nas altas.
Erraram, pois ainda não entenderam que o básico é: o mercado antecipa.
Tudo o que está no jornal é notícia velha — já está refletido nos preços.
Tentar prever o futuro para investir é um dos erros mais primários dos investidores.
Então, como investir sem tentar prever o futuro?
Warren E. Buffett
A vantagem de aprender com quem tem experiência - aliás, muita experiência - é que evitamos erros primários que o mercado comete.
Erros custam dinheiro.
O maior investidor de todos os tempos nos ensina a ignorar completamente o mercado.
O mercado é maníaco-depressivo. Uma hora está animado demais, em outra está pessimista demais.
Ao invés de tentar acertar cenários imprevisíveis, vamos procurar estudar coisas muito mais previsíveis: resultados.
Só os resultados importam.
As 3 melhores ações para qualquer cenário
E, claro, para selecionar as 3 nos baseamos, apenas, em resultados.
Estudamos a fundo os negócios das empresas – como elas ganham dinheiro.
Estudamos a fundo a dependência delas de uma melhora na economia brasileira — como os resultados são impactados pela pandemia.
Estudamos a fundo o preço – quanto mais barato, menor o risco.
Itaúsa (SA:ITSA4) — o melhor banco do Brasil
Itaúsa (ITSA4) é uma holding de investimentos que compra ações do banco Itaú (SA:ITUB4).
Aproximadamente 95 por cento dos lucros da holding vem do banco, mas Itaúsa negocia a um preço menor que Itaú, por isso preferimos a holding.
Itaúsa é, de longe, a melhor ação da bolsa.
Itaú ganha dinheiro com crise, ganha dinheiro com recessão, com economia pujante, com dólar alto e baixo, com CDI nas alturas, com CDI na mínima histórica, com governo de esquerda, com governo de direita…
O gráfico de lucros acima mostra como Itaú já passou por períodos muito piores na economia (e na política) nacional e saiu ainda maior.
Desta vez, não é diferente.
Itaú reduz custos drasticamente para lidar com a competição das fintechs em seu negócio de seguridade e serviços — queda de -7 por cento em suas despesas operacionais no 1T20.
As fintechs sobreviverão a uma nova crise?
E, como bom banco, Itaú é conservador e fez um enorme "colchão" de liquidez para lidar com o aumento da inadimplência no 1T20.
Uma provisão de perdas (PDD) 70 por cento maior do que no 4T19, com um total de 10 bilhões de reais. A maior do país.
Itaúsa está preparada para uma retomada. Itaúsa está preparada para uma crise.
E, mesmo com todas estas qualidades, Itaúsa negocia a míseros 8x lucros.
Boa, bonita e baratíssima.
Unidas – crescimento em qualquer cenário
Unidas (SA:LCAM3), ou Locamerica para os íntimos, é uma locadora de automóveis.
Com a "uberização" de nossa economia, a demanda por carros alugados cresce de "vento em popa".
Mas o melhor é que o negócio de aluguel de carros depende de:
- Custo de compra do carro.
- Taxa dos empréstimos.
Quanto mais barato for o carro e quanto mais barato for o dinheiro, melhor é a locadora.
Quanto maior for a locadora, maior o desconto na compra de carros e maior o desconto na obtenção de empréstimos.
No mercado de locação, tamanho é documento.
E hoje são 3 grandes locadoras que possuem quase 50 por cento do mercado. Elas possuem uma enorme oportunidade de dominar TODO o mercado (100 por cento).
Locamerica é uma delas.
E vem ocupando seu espaço nos últimos anos:
Lucros crescentes ano a ano (inclusive na crise), e ações seguindo os resultados. Até durante a pandemia.
Na crise do coronavírus os lucros vão cair, claro. No 2T20, Locamerica terá algo ao redor de 65 por cento da receita que teve no 1T20.
Mas a crise passará e o crescimento voltará.
As empresas com dificuldade precisarão vender suas frotas para fazer dinheiro. Alugar veículos será uma alternativa cada vez mais interessante.
As pessoas, ainda em distanciamento social, preferirão pegar um Uber (NYSE:UBER) a usar o transporte público.
Locamerica ainda continuará roubando mercado das pequenas locadoras com custos muito maiores.
No 1T20, Unidas mostrou ótimos resultados – aumento de +22 por cento em sua frota, receita líquida de +18 por cento, Ebitda de +8 por cento e lucro líquido de -3,6 por cento.
Locamerica está preparada para uma retomada. Locamerica está preparada para uma crise.
Mesmo com todas estas qualidades, mesmo com todo este crescimento represado, está negociando a apenas 8x Ebitda e 18x lucros.
Boa, lindíssima e barata.
CSU Cardsystem – a resiliência unida ao potencial
CSU Cardsystem (CARD3 (SA:CARD3)) faz a gestão de todo o ciclo operacional de cartões de crédito.
É uma empresa de TI – opera todo software que gerencia a operação de cartões de grandes e pequenas empresas.
Em um mundo de economias de escala, a pequena CSU é a terceira maior, atrás apenas de Itaú e Bradesco (SA:BBDC4).
A CSU é pequena, mas seu mercado é de gigantes.
No início de 2020, CARD tinha planos de ter seu melhor ano da história – superando os lucros que teve em 2017.
No 1T20, CARD reconhecia novos contratos e mostrava crescimento – receita crescendo +12 por cento, Ebitda +31 por cento e o lucro +106 por cento.
2020 seria ótimo para a companhia. CARD trabalha com TI e seu negócio continua funcionando, normalmente, com o distanciamento social. No 2T20, CARD espera entregar receitas apenas -10 por cento abaixo do 1T20.
Ela está preparada para uma retomada e preparada para uma crise.
Mesmo com todas estas qualidades, CARD negocia a apenas 4,5x Ebitda e 13x lucros.
Maravilhosa, bonita e barata.
Saiba investir na crise
As pessoas só pensam nos lucros que a bolsa pode proporcionar.
Mas, tão ou mais importante, é saber navegar durante as crises. Pois é quando o mercado cai que as ações ficam ainda mais interessantes.
Avaliamos muitas oportunidades e essas são as ações mais resilientes para o ambiente que temos, na minha opinião.
Das ações que eu, Bruce Barbosa, acompanho, minhas preferidas no momento são essas.
As ações unem ótimo potencial de crescimento, com preço baixo e resiliência para passar pelos momentos difíceis que vivemos.
Espero que aproveite as recomendações.
Compre bolsa quando a bolsa cai.