O céu é o limite
Enquanto a Bolsa brasileira enfrenta as curvas da nossa montanha-russa eleitoral, os gringos surfam um céu de brigadeiro. Os principais índices acionários norte-americanos parecem não encontrar um limite para as altas, com S&P 500 e Dow Jones apurando recorde atrás de recorde...
Ambos dobraram de valor no intervalo de cinco anos (do gráfico), enquanto a Bolsa brasileira atingiu a estaca zero.
Perdemos o bonde.
Exuberância irracional?
Já citei o rali das Bolsas americanas em M5M anterior como fonte de preocupação. Até agora tenho estado errado, mas insisto no argumento. Nesse sentido, chamam atenção alguns pontos levantados por David Weidner ao The Wall Street Journal:
1) ninguém está comprando: não são investidores de varejo que estão promovendo a tendência de alta das Bolsas americanas. Na semana passada, foram retirados (saldo líquido) US$ 921 milhões de fundos com exposição à Bolsa americana, após US$ 451 milhões terem sido retirados na semana anterior. Ou seja: o rali está concentrado (guiado) por um número cada vez menor de investidores, e potencializado pela atuação dos robôs (operadores de alta frequência).
2) os lucros corporativos não crescem: os lucros das empresas declinaram 9,8% no primeiro trimestre deste ano, maior declínio desde o quarto trimestre de 2008. Na média dos últimos 12 meses, os lucros corporativos acumulam queda de 3%.
3) custo de oportunidade: a atratividade da Bolsa pode estar relacionada ao ambiente de taxas de juros excepcionalmente baixas nos EUA, acarretando rentabilidade pouco chamativa aos títulos do governo americano e/ou outras alternativas na renda fixa.
Três ressalvas
Em ocasião anterior, cheguei a relacionar o ambiente de juros a alguns dos pontos mencionados acima. Os resultados das empresas não vinham demonstrando melhora operacional de fato, sendo - quando apontavam crescimento - estimulados pela melhora do resultado financeiro...
Desdobramentos em (2): com juros em 0%, as companhias têm acesso a dinheiro barato e abundante, o que permite melhorar as condições de financiamento e de serviço de sua dívida.
Desdobramentos em (3): a abundância de dinheiro nos mercados também permite que os investidores exijam menos para tomar risco, aceitem prêmios de risco menores.
É aí que mora o perigo…
Ontem, o o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou que o momento em que o Banco Central americano terá de iniciar a elevação da taxa de juros está se aproximando rapidamente.
Para pensar...
Se a Bolsa americana enfrentar uma correção com o processo de elevação dos juros (ou uma expectativa mais consistente de elevação), como você acha que a Bolsa brasileira irá responder? E o dólar?
Direito de resposta
Atendo a pedido, cedo este minuto ao Felipe Miranda, que buscou no M5M um espaço público para resposta à enxurrada de emails que recebeu esta manhã...
Agradeço a todos os feedbacks pelo lançamento do Fim do Brasil, nesta manhã. Era impensável a magnitude e a intensidade desse engajamento, em tão pouco tempo. Em particular, agradeço ainda mais aos xingamentos. Como diria Taleb, se meus detratores me conhecessem melhor, me odiariam ainda mais. Somos mesmo seres imiscíveis.
Será que os críticos conseguem perceber que os ataques pessoais, os palavrões e os desejos para eu me mude logo para Miami apenas referendam a tese de que o País, como democracia liberal, acabou? Por que tanta dificuldade de convivência com uma opinião contrária?
Somos obstinados e incorruptíveis. Nada estará acima da ideia de fornecer as melhores recomendações de investimento diante do Fim do Brasil. Convido a todos a conhecer a série. Pelos próximos meses, ela será minha reason d’être.
PS: gostaria que pelo menos um dos críticos tivesse acesso à série. Talvez assim, reuniriam algum argumento à crítica. Em tempo: falar sem saber também é característica do Fim do Brasil
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.