Todos sabem que a situação politica está no estado que está, desde o impeachment da Presidenta a comissão de ética do líder da camara dos deputados.
Claro que a situação política é importante, mas o problema econômico brasileiro não passa só pelo panorama político, mas sim nas políticas de ajuste fiscal e de reequilíbrio das contas públicas. Evidentemente que este ambiente político dificulta muito esse ajuste.
Muitas vezes o mercado tem reações completamente incompreensíveis, geradas por impulsos e eventos de momento, vejamos o comportamento do mercado quando foi dado andamento ao pedido de impeachment, movimento irracional e de massas, exacerbado, como se o problema esteja somente na presidenta.
O problema do Brasil está nas contas públicas, depende obviamente do governo e do congresso na aplicação de medidas de austeridade, que corrijam este cenário.
É tempo de sermos realistas, sem medidas de austeridade não conseguimos ajustar as contas públicas, sei que o termo austeridade tem uma conotação demasiadamente negativa, mas é realista, tem de haver cortes e aumento de impostos. Em um artigo que escrevi, apontei algumas propostas que poderiam vir a ser aplicadas para essa correção das contas públicas, não vou aqui descrevê-las outra vez, mas é a única saída, uma vez que a economia está em queda e a arrecadação diminuindo.
Por melhor que seja o ministro (Levy), sem uma base e apoio político para aplicar essas medidas, não é possível no atual quadro, começar a reverter a situação. O orçamento para 2016 em que apresentará um superavit primário de 0,7%, pelo menos esta é minha última informação sobre o orçamento, é pouco ambicioso e deixa uma folga muito pequena para quaisquer desvios. Claro que é sempre possível perante os desvios fazer correções, mas na situação atual de falta de confiança interna e externa, seria desejável dar um sinal forte de comprometimento com o ajuste fiscal, até para afastar a possibilidade de downgrade.
Neste momento de grandes incertezas, temos que ser realistas, ninguém consegue prever ou projetar o que seja de uma forma honesta, coerente e fundamentada, por melhor economista que seja, por melhor analista de mercado que seja, por melhor corretor que seja, por melhor analista politico que seja, nem que seja o melhor de tudo em tudo, com o devido respeito sem querer com isso diminuir ninguém, RESPEITO TODOS. Do maior até ao menor investidor ou agente financeiro. Esta é a minha opinião, vale o que vale.
A realidade é que temos que analisar e atuar neste momento no curto prazo, analisando os eventos que vão surgindo, os dados macroeconômicos que vão sendo publicados, e tentar ter uma base racional dentro do possível (se é que é possível), qual poderá vir a ser o panorama no médio prazo. É momento de ser realista, cauteloso e prudente. O mercado está demasiadamente instável e imprevisível.
O risco neste momento no mercado financeiro é alto, também é fato de quanto maior o risco, maior a possibilidade de ganho mas também de perda. Apesar de que após as crises a tendência tem sido de bonança, basta ver o após da crise de 2008 em que a bolsa disparou passando os 70.000 pontos quando tinha chegado perto dos 36.000 pontos, recuperando em mais ou menos 1 ano e meio. Mas isso não significa que venha a se repercutir no futuro, nem que seja na mesma intensidade e no mesmo tempo, pois os cenários macroeconômicos são totalmente diferentes.
Tenho referido muitas vezes que a atuação do BC face a este cenário, tem que ser a que está sendo seguida no curto prazo e pode prolongar-se por mais tempo, enquanto dados mais concretos e fiáveis não estão disponíveis. Claro que com a tendência da falta de convergência da inflação para 2016 que é um fato o BC adotará ou reforçará as medidas adotadas, como a subida da taxa Selic, que como já tenho afirmado vai ser inevitável, tornando a aplicação em fundos renda fixa ou tesouro direto mais atrativos ainda mais para quem não gosta de correr riscos e mesmo para os que admitem algum grau de risco. Não estou afirmando que quem investe na bolsa, no câmbio ou em outro investimento de risco qualquer, vá transferir seus investimentos para lá, mas pode haver alguma migração.
Seja realista, seja você um principiante ou um “GURU” financeiro, o tempo não está para grandes aventuras, as incertezas são grandes e perduram e os dados macroeconômicos atuais são péssimos.
Para os próximos tempos não devemos ter grandes alterações, o BC deve continuar a administrar o câmbio e a possível subida da taxa Selic teremos que esperar pelas próximas reuniões do COPOM para saber quando e em % irá subir, se bem que há forte probabilidade de ser na próxima reunião, se não houverem eventos que possam mudar drasticamente este cenário.
Vamos ver...