O mercado financeiro brasileiro deve seguir refém das pesquisas eleitorais, após os números mais recentes mostrarem uma disputa embolada entre os candidatos de esquerda pelo segundo lugar, enquanto Jair Bolsonaro segue na liderança, reforçando a ideia de que é cedo para apostar que a eleição já está definida entre PSL e PT. Um novo levantamento, feito pelo Ipespe, será conhecido pela manhã, mas até segunda-feira saem DataPoder360 e Ibope.
Enquanto isso, no exterior, Wall Street desmente o medo de que Estados Unidos e China estão em rota de colisão e aponta para uma nova sessão de ganhos, um dia após os índices Dow Jones e S&P 500 encerrarem em níveis recordes de alta. A sessão de hoje em Nova York será marcada por vencimentos de opções e índices futuros - o chamadoquadruple witching - além da maior revisão na classificação das ações do século, o que deve trazer volatilidade aos negócios por lá.
Nos demais mercados, o dólar caminha para a pior semana desde março, em meio à recuperação das moedas de países emergentes, após a depreciação recente da lira turca, do peso argentino, do rand sul-africano, entre outros. A fraqueza do dólar favorece as commodities, com o petróleo tipo WTI sustentando-se na faixa de US$ 70 por barril e o cobre no maior nível em seis semanas.
Os investidores lá fora parecem não acreditar que a postura linha dura de Donald Trump irá se transformar em algo mais severo, capaz de perturbar a vitalidade da economia global. Tudo indica, então, que o mercado de alta, do touro, (bull market) está de volta. Mas basta olhar atentamente, que o movimento pode ser apenas os ursos grandes (bear market) despertando após um longo inverno e embolsando os lucros, com os touros já completamente mortos.
Trata-se de algo visto em julho entre os ativos globais e que foi revertido de forma rápida e acentuada em agosto. Setembro, então, se assemelha a julho, sendo que o Federal Reserve ainda se reúne neste mês para promover a terceira alta na taxa de juros norte-americana neste ano. No Brasil, a postura mais dura ("hawkish") do Banco Central em relação aos estímulos monetários ajudou a ancorar o preço do dólar, afastando-se de R$ 4,10, e a reduzir a demanda por prêmio na curva de juros futuros.
E outubro já é logo ali…A proximidade das eleições presidenciais tende a manter a volatilidade e a cautela nos negócios por aqui, faltando cerca de 10 pregões para o pleito do primeiro turno. Até lá, os investidores esperam ter um cenário mais definido da disputa. Por ora, os números recentes reforçam que a competitividade de Ciro Gomes tem reduzido o ímpeto de Fernando Haddad.
O candidato do PT pode estar se aproximando de um “teto” ao redor de 20%, em meio à transferência diluída de votos do ex-presidente Lula e à queda livre de Marina Silva. Enquanto isso, o “teto” de Bolsonaro se moveu para perto de 30%, diante do movimento lateral de Geraldo Alckmin e da proclamação do voto útil da direita.
Tudo isso em meio ao enxugamento dos votos brancos, nulos e de eleitores indecisos. A ver, então, os próximos levantamentos. Lembrando que deslizes dos candidatos nesta reta final de campanha bem como mudanças bruscas na corrida presidencial ainda não podem ser descartados, à medida que a data do primeiro turno se aproxima.
A poucas semanas para a escolha dos candidatos que passarão para o segundo turno, “ainda há tempo para deter a marcha da insensatez”, afirmou em carta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, há uma radicalização dos sentimentos políticos, na qual a gravidade de uma “facada com intenções assassinas” deveria servir como um grito de alerta.
“Basta de pregar o ódio, tantas vezes estimulado pela própria vítima do atentado.” Segundo FHC, “o fato de ser este o candidato à frente das pesquisas e ter ele como principal opositor quem representa um líder preso por acusações de corrupção mostra o ponto a que chegamos”. Para o ex-presidente, é preciso “escolher bem”. E ressaltou: “Ganhe quem ganhar, o povo terá decidido soberanamente o vencedor e ponto final”.
O cenário político, portanto, pede cautela. Já na próxima segunda-feira tem um novo Ibope, realizado desde a última terça-feira até o início da semana que vem e que pode tirar a prova do salto de 11 pontos percentuais (pp) apurados por Haddad em uma semana, isolando-o em segundo lugar. O levantamento está sendo feito com cerca de 2,5 mil eleitores em todo o país.
Em meio à enxurrada de pesquisas eleitorais, os investidores têm relegado as divulgações de indicadores econômicos, mas merece atenção hoje a prévia da inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA-15) em setembro. A previsão é de manutenção do ritmo de alta apurado em agosto, com taxa de 0,15%, o que levaria o acumulado em 12 meses para 4,35%.
Os dados efetivos saem às 9h. Antes, às 8h, saem o resultado preliminar da confiança da indústria neste mês e a expectativa dos consumidores para a inflação. Já no exterior, destaque para as leituras parciais de setembro sobre a atividade nos setores industrial e de serviços nos Estados Unidos e na zona do euro, ao longo da manhã.