Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava pouco ante o real nesta terça-feira, mas se mantinha acima dos 6,06 reais, com investidores avaliando os números do PIB brasileiro para o terceiro trimestre e observando os ganhos de moedas emergentes no exterior, enquanto aguardam dados de emprego dos Estados Unidos.
Às 9h54, o dólar à vista subia 0,05%, a 6,0680 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,05%, a 6,075 reais na venda.
O IBGE informou mais cedo que a economia brasileira cresceu 0,9% no período de julho a setembro deste ano sobre o trimestre imediatamente anterior, em linha com a expectativa de economistas consultados pela Reuters.
O resultado, apesar de representar uma desaceleração em relação ao período abril-junho, quando a economia cresceu 1,4%, ainda indica resiliência da atividade econômica no Brasil. Segundo analistas, isso deve favorecer um maior aperto da política monetária pelo Banco Central.
"O Banco Central, a partir deste cenário, deve adotar um ciclo mais rígido de aperto monetário para garantir, assegurar, que a inflação vá se manter próxima da meta", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
"A perspectiva de juros mais altos no Brasil favorece a atração de investimentos estrangeiros, favorece a entrada de dólares no país e, por isso, é um fator baixista em potencial", completou.
Operadores colocavam 79% de chance de uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25%, na reunião do Copom na próxima semana. A probabilidade de um aumento de 1 ponto percentual nos juros está em 21%.
O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, sinalizou na véspera "juros mais altos por mais tempo" no Brasil, citando o dinamismo da economia e a desvalorização recente da moeda brasileira.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou o dia com alta de 1,07%, cotado a 6,0652 reais -- maior valor nominal de fechamento da história, com o mercado reagindo negativamente ao anúncio de um pacote fiscal pelo governo na semana passada que incluiu medidas de reforma do Imposto de Renda.
No exterior, a moeda norte-americana recuava de forma ampla nos mercados globais, particularmente contra divisas emergentes, com agentes financeiros ajustando posições após os fortes ganhos do dólar em sessões recentes.
O dólar foi impulsionado na véspera por novas ameaças tarifárias do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que sinalizou a possibilidade de tarifas sobre os países do Brics caso eles busquem uma alternativa à divisa norte-americana para transações internacionais.
Em mercados emergentes, os pares do dólar recebiam auxílio do aumento dos preços de commodities importantes nesta manhã, como petróleo e minério de ferro, que subiam devido às apostas dos mercados em novos estímulos econômicos a serem anunciados pela China, maior importador de matérias primas do planeta.
Assim, o dólar recuava ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,07%, a 106,290.
As atenções dos investidores globais se voltam nesta semana a dados de emprego da maior economia do mundo, que podem moldar a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve. O destaque será o relatório de criação de postos de trabalho de novembro, na sexta-feira.
Em meio a declarações recentes de membros do Fed, operadores têm firmado suas apostas em um corte de 25 pontos-base na próxima reunião do banco central dos EUA neste mês, o que desfavorece um pouco o dólar, que se torna menos atrativo para investidores estrangeiros.