Lucro do BB tomba 60% no 2º tri; banco reduz payout para 30%
Investing.com – O resultado do 2º trimestre e o novo guidance do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) devem alimentar movimentos de venda e volatilidade extra nesta sexta-feira (15) na B3, segundo avaliação do WarrenAI, consultor de investimentos de inteligência artificial (IA) do Investing.com. Os investidores devem revisar as projeções para o segundo semestre de 2025 e para o ano seguinte do banco estatal.
Segundo o WarrenAI, o papel do Banco do Brasil pode até atrair apostadores em valuation, mas a deterioração do lucro e a redução de dividendos são avisos claros para cautela. “O banco segue com P/L baixo (4,0x) e um dividend yield ainda robusto (11,3% em 2024), o que pode atrair caçadores de barganhas. Porém, com previsões de queda de 28,1% no lucro e de -2,0% na receita para 2025, o risco de mais revisões negativas e oscilações acentuadas permanece alto”, avalia o consultor de IA.
Apesar de o papel ter subido na quinta-feira (14) 2,96%, para R$ 19,85 antes do balanço, esse movimento parece mais ajuste técnico do que mudança de tendência. Os indicadores técnicos de curto prazo (1h, 5m, 15m) ainda apontam para “compra forte”, mas o consenso semanal e mensal é de “venda forte”, refletindo o cenário de médio prazo negativo.
Tem algum alívio para as ações do Banco do Brasil?
O banco segue com P/L baixo (4,0x) e dividend yield ainda robusto (11,3% em 2024), o que pode atrair caçadores de barganhas caso a ação se aproxime de suportes técnicos, como a região dos R$ 18,00. Porém, com previsões de queda de 28,1% no lucro e de -2,0% na receita para 2025, o risco de mais revisões negativas e oscilações acentuadas permanece alto.
A reação final do mercado deve depender fortemente do tom adotado pela gestão na teleconferência de resultados marcada para as 11h00. Se houver sinal de que o impacto nas provisões é pontual e controlável, parte das perdas pode ser mitigada. Caso contrário, novos cortes de recomendação por analistas podem empurrar os papéis do Banco do Brasil para novas mínimas do ano.
Em resumo, o dia promete ser de teste para a confiança dos investidores no Banco do Brasil, com a narrativa de curto prazo pendendo para o lado negativo, mas com possibilidade de reação técnica se as expectativas forem calibradas ao longo do pregão.
O que acompanhar no pregão de sexta-feira
- Teleconferência (11h00) – foco em qualidade da carteira agro e cronograma de recuperação.
- Relatórios de corretoras e bancos até o meio-dia – podem alterar rapidamente o sentimento do mercado.
- Fluxo no Ibovespa – as ações do Banco do Brasil têm peso de aproximadamente 2%; qualquer queda acima de 5% puxa o índice para baixo.
- Curva de juros DI – alta dos DI curtos ampliaria a pressão sobre bancos.
Como foi o balanço do 2º trimestre de 2025 do Banco do Brasil
O banco reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, queda de 60% em relação ao mesmo período do ano passado e cerca de 25% abaixo do consenso de mercado. O retorno sobre o patrimônio (ROE) recuou para 8,4%, de 16,7% nos primeiros meses do ano e de 21,6% um ano antes. Este ROE é um dos mais baixos dos últimos anos, refletindo provisões elevadas — especialmente no crédito para o agronegócio e para pequenas e médias empresas. Para efeito de comparação, o Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) teve ROE de 23,3%, enquanto o Santander Brasil (BVMF:SANB11) registrou 16,4% e o Bradesco (BVMF:BBDC4) marcou 14,6%.
O guidance de lucro para 2025 foi revisado para baixo, cortando o intervalo projetado para R$ 21 a 25 bilhões — redução de quase R$ 14 bilhões no ponto médio em relação à previsão anterior (entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões), que havia sido suspensa em maio. Mesmo no teto da faixa, a nova projeção ficou abaixo da média das expectativas compiladas pela LSEG, de R$ 26,757 bilhões.
Além disso, o payout de dividendos foi reduzido de 40%-45% para 30%, diminuindo o apelo para investidores com perfil voltado à renda. O BB explicou a decisão citando os resultados, a necessidade de caixa, projeções de capital, perspectivas dos mercados de atuação, além da manutenção e expansão da capacidade operacional.
Na avaliação de Renato A. F. Reis, analista fundamentalista na Blue3 Research, em postagem no X, o resultado do Banco do Brasil pode ser dividido em três partes:
- DRE: Provisionou o necessário, mas reduziu drasticamente o lucro e pagou alíquota de imposto de renda (IR) de apenas 2%, inflando o resultado líquido acima da realidade, que teria sido por volta de R$ 2 bilhões se tivesse pago o IR na alíquota original de 34%.
- Spreads e crédito: Mantém crédito agressivo e spreads maiores, mas provisões elevadas derrubaram o spread ajustado, ampliando o risco de forma desproporcional.
- NPL (inadimplência): No agro, o NPL caiu após forte provisão, mas em PF e PJ a alta da inadimplência, sem provisões proporcionais, pode gerar problemas futuros e exigir freio no crédito.
“A situação está bem feia, o banco está saindo de um problema e se enfiando em outro. Se o BB continuar assim, dos 21 bi de guidance de lucro, metade vai ser só de IR diferido. Um baita gol de mão. Tenho medo do que pode ser o balanço do próximo trimestre”, conclui Reis, da Blue3 Research, no X.
*Com contribuição de Reuters