Bitcoin supera US$ 117 mil em meio à paralisação nos EUA e otimismo com "Uptober"
Se você sentiu um frio na barriga ao olhar as notícias sobre a economia nesta semana, saiba que não está sozinho. O mercado financeiro brasileiro viveu uma verdadeira montanha-russa, com subidas vertiginosas, quedas abruptas e uma sensação de reviravolta constante. Em apenas cinco dias, passamos por uma euforia contagiante que levou a bolsa de valores a recordes históricos, para terminar a semana com um banho de água fria e a sensação de que a festa, na verdade, durou muito pouco. Entender essa gangorra de emoções é a chave para decifrar para onde nosso dinheiro pode estar indo.
Tudo começou com o mercado em um estado de espera, meio sonolento, de olho no cenário internacional. Até que, de repente, uma notícia política vinda dos Estados Unidos funcionou como um raio de sol em dia nublado. Declarações favoráveis ao Brasil, atribuídas ao Presidente Donald Trump, foram interpretadas pelos investidores como um "selo de aprovação". A lógica era simples: se o presidente da maior economia do mundo elogia, mais dinheiro estrangeiro pode vir para cá. O resultado foi imediato e explosivo. O Ibovespa disparou, o dólar despencou (já que mais dólares estavam entrando no país) e até as taxas de juros futuros, que medem a confiança da economia nos próximos anos, relaxaram. Foi um dia de otimismo raro e generalizado.
Mas, como em toda boa história, a trama teve uma virada. A alegria durou pouco, pois o efeito da notícia política se dissipou e uma velha preocupação, muito mais poderosa, voltou a assombrar os mercados. A confusão está nos detalhes. É verdade que o banco central americano, o FED, já começou a cortar sua taxa de juros básica, o que deveria ser uma ótima notícia para o mundo todo. O problema não é o que está acontecendo agora, mas a desconfiança sobre o que vai acontecer no futuro. Dados recentes mostraram que a economia americana continua muito forte, o que fez os investidores se perguntarem: será que o FED vai continuar cortando os juros no ritmo que esperávamos? Ou será que, com a economia tão aquecida, ele vai pisar no freio e diminuir o ritmo dos cortes?
Essa dúvida se reflete nos chamados "juros futuros" por lá. Eles começaram a subir, não porque o juro de hoje aumentou, mas porque a aposta do mercado é que os juros não cairão tanto ou tão rápido quanto se imaginava antes. Para o investidor, um cenário onde os juros americanos caem mais devagar é o suficiente para tornar o investimento seguro por lá mais atraente do que correr riscos em um país como o Brasil. Esse pensamento fez com que o fluxo de dinheiro mudasse de direção, e aquele otimismo todo se desfez como fumaça.
A consequência foi a reversão completa do cenário. O dólar, que havia caído, voltou a subir, superando o patamar do início da semana. As taxas de juros futuros por aqui também voltaram a ficar pressionadas, sinalizando mais preocupação à frente. E a bolsa de valores, que havia batido recordes, perdeu o fôlego e começou a cair. Nesse clima de nervosismo, qualquer notícia ruim sobre uma empresa específica ganha um peso muito maior. Vimos isso na prática, com as ações de companhias como Ambipar e Braskem sofrendo quedas importantes após notícias corporativas negativas, algo que talvez não tivesse o mesmo impacto em um dia de otimismo.
E o que esperar da semana que começa hoje? A montanha-russa pode ter mais emoções reservadas. O foco continuará totalmente nos Estados Unidos, que divulgarão na próxima sexta-feira o dado mais importante de sua economia: o relatório de empregos, conhecido como Payroll. Esse número funciona como um termômetro. Se ele vier muito forte, mostrando uma economia superaquecida, o medo de que o FED realmente diminua o ritmo dos cortes de juros vai aumentar, o que seria ruim para nós. Se vier mais fraco, pode trazer um alívio e renovar as esperanças de juros mais baixos. Portanto, prepare-se: a direção dos ventos nesta semana será, mais uma vez, soprada do norte.
É hora de entrar em AÇÃO!