Do sindicato ao pregão: Como Lula fez a Embraer e os bancos voarem

Publicado 06.11.2025, 07:57

Desde 1º de janeiro de 2023 — data oficial do início do governo Luiz Inácio Lula da Silva — até 28 de outubro de 2025, podemos observar uma série de movimentos econômicos que vão no sentido oposto ao clichê repetido pelos neoliberais: “Lula é comunista, vai afundar o mercado”. Pois bem! Os números mostram que, se comunismo for definido como antipró-mercado ou anticapitalista, então o presidente Lula está protagonizando um dos mais consistentes ciclos capitalistas da recente história brasileira — e a valorização da Embraer (EMBR3) aparece como um dos símbolos mais claros desse padrão.

A impressionante alta da Embraer

A Embraer registrou resultados expressivos no período: no ano de 2024, a empresa “triplicou o lucro e suas ações disparam cerca de 150%”. Em relatório do 4.º trimestre de 2024, a Embraer teve receita líquida de US$ 2,3 bilhões (+17% a/a), margens maiores e forte geração de caixa livre — resultando em redução substancial de alavancagem. Além disso, no 1.º trimestre de 2025, a receita líquida chegou a R$ 6,405 bilhões (+44% frente igual período de 2024) e o Ebitda ajustado foi de R$ 620,6 milhões (+165,7%).

Ainda que nem todos os indicadores sejam perfeitos (há provisões, guidance mais moderado etc.), o quadro geral é de valorização e plena "recuperação". O desempenho (recente) contribuiu fortemente para a valorização de suas ações (EMBR3) — o que indica que o mercado vê com bons olhos o ambiente econômico no qual a empresa atua.
Resumindo, dia 01/01/2023 (início do Lula 3) as ações valiam R$ 14,30 e hoje (28/10/2025) são cotadas a R$ 89,37.

Bancos privados, bolsa e crédito

Paralelamente, temos o setor bancário privado mostrando lucros robustos: os três maiores bancos privados do Brasil (Itaú Unibanco, Bradesco e Banco Santander) encerraram 2024 com lucro líquido de R$ 74,8 bilhões — alta de 22,1% em relação a 2023. Esse crescimento foi “alavancado pelo crescimento do crédito”.

Quanto ao fomento ao crédito, temos o Banco do Brasil (embora público) com carteira ampliada de crédito encerrando 2024 com saldo de R$ 1,3 trilhão (+15,3% em relação a 2023). Embora esse número seja de banco público, o fato é que o ambiente de crédito no Brasil parece estar em expansão, não retração. Isso porque 2025 continua robusto aos bancos!

Quanto à BOVESPA, diante dos recentes acontecimentos: (1) Eduardo Bolsonaro jogando contra o Brasil e (2) o possível acordo favorável ao tarifaço, provavelmente culminaram nos resultados das recentes pesquisas divulgadas que simulavam os mais prováveis nomes da direita — num eventual 2º turno — onde mostraram Lula vitorioso com folga frente a todos eles.

Com isso, a bolsa não só continua a subir, mas de quebra, hoje (28/10) fechou em seu topo histórico.
Sendo assim, desconfio que o próprio mercado já começou a aceitar tal resultado. Tanto que, os reflexos são claros: valorização de empresas exportadoras, aumento de entrega de aeronaves da Embraer, crescimento de bancos, tudo isso pressiona positivamente o sentimento de investimento — ou seja, mais capital privado fluindo, mais mercado aberto em atividade.

O “comunista” que lucra com o mercado

E aqui chegamos à ironia, pois os mesmos que gritam “Lula é comunista!” esquecem de observar que, no período em que ele está no Palácio, temos: bancos privados lucrando mais, crédito se expandindo, empresas de capital aberto ganhando força, exportadoras que geram valor, bolsa que registra movimento de alta — ou seja, os ingredientes clássicos de um país capitalista funcionando.

Se “ser comunista” é querer destruir o mercado, limitar os bancos, tolher as bolsas e sufocar o crédito, então o presidente Lula está fazendo um péssimo trabalho… e contradiz completamente a caricatura que dele fazem. Aliás, suspeito que até o presidente Donald Trump já percebeu: se você vai chamar alguém de “grande capitalista”, talvez o Lula mereça o troféu.

Conclusão e olhar para a reeleição

Portanto, a forte alta da Embraer, o crescimento dos lucros dos bancos privados, o fomento ao crédito e o ambiente favorável à bolsa compõem um ciclo que reforça a tese de que, longe de estar “anulando o mercado”, o governo Lula está impulsionando-o. Se houver uma reeleição, o cenário não indica uma “bola de ferro” para a bolsa — muito pelo contrário: com continuidade das políticas de estímulo, infraestrutura, crédito e apoio à indústria de ponta como a Embraer, a bolsa não deve sofrer — pode, aliás, seguir em trajetória ascendente.

Em suma, o “comunista Lula” virou o mais provável presidente capitalista que o Brasil assistiu — e a Embraer é apenas o símbolo mais visível de que o mercado não só não foi silenciado, como foi impulsionado.

Bons trades!
Gráfico EMBR3 (Rafael Etzel)


Gráfico de EMBR3 (Rafael Etzel)

Gráfico: EMBR3 (Rafael Etzel)

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